Se Portugal fosse uma Nação, isto é, se Portugal fosse um conjunto de indivíduos unidos por uma consciência nacional, partilhando interesses, necessidades e aspirações. Se Portugal fosse, de facto, uma Nação, não se comportaria da maneira como se comporta. Dividindo os cidadãos e acentuando as desigualdades.

Com a crise que por aí vai, estas férias de verão quase nem têm sabido a férias. Com a carteira mais magra devido ao corte do subsídio, a maior parte de nós está a aproveitar os merecidos dias de descanso para pôr coisas em ordem ou fazer arrumações que se impõem nesta altura do ano, por haver mais sol e calor.

O problema reside, em certa medida, na impaciência. Reconhecemos, tal como já sucedia com os nossos antepassados, que estamos feitos para a felicidade, mas queremo-la no imediato. Não estamos dispostos a esperar por um além, do qual, aliás, nos acostumámos a duvidar. Paraísos... só se forem já e aqui.

“É possível enganar toda a gente durante algum tempo e alguma gente todo o tempo, mas não é possível enganar toda a gente o tempo todo” Abraham Lincoln

“O tempo e as bruxas”, a longa-metragem realizada por António Victorino d’Almeida e filmada, no último verão, em Vila Nova de Cerveira conta a história de uma comunidade que vive o drama de não ter nenhuma história para contar, o que explica o absurdo das situações criadas pelas personagens que sentem a necessidade de criar conflitos.

Já não posso passar sem escrever, escrever passou a ser um assumir necessário, um hábito criado nos bancos da escola que nunca mais esqueci. Lembram-se ainda dos montes de cópias que fazíamos ordenadas por aquela professora exigente que parecia odiar-nos. Como ficámos surpreendidos, depois, quando tudo acabou e como vimos com alegria que ela nos amava como o escultor ama quando molda a sua pedra, é com energia que faz aquilo que aos nossos olhos pareceria violência. A uma distância de dez ou mesmo cinquenta anos conseguimos agora ver que foram como que uns anjos que se nos revelaram, os causadores da luz que espalharam no nosso espírito, cedendo-nos o privilégio de ler ou de escrever, abrindo-nos a porta da sapiência.

As coisas são assim. Enquanto a anterior classe política era constituída por estadistas, a actual é formada no seio dos partidos. Falta-lhe a experiência de vida. É constituída por videirinhos oportunistas que vagueiam pelos corredores dos partidos à espera de uma garantia de emprego. Mais cedo ou mais tarde, fora ou dentro do poder, essa oportunidade surgirá. O que vai assegurar um futuro próspero e risonho a esses políticos de viveiro.

Quem é que nunca viu o filme português "A canção de Lisboa"? Se bem se lembram, o "Vasquinho" era um aluno cábula, que frequentava a faculdade de Medicina e vivia às custas das tias que moravam na província enquanto ele se divertia, em Lisboa, e ia gas- tando o dinheiro das referidas senhoras.