O museu, que funcionava de terça a domingo, passou a encerrar ao público durante os fins de semana, por determinação da Direção Regional de Cultura do Centro (DRCC) que tutela o edifício.
Contactada pela agência Lusa a DRCC justificou que o encerramento decorre “da verificação técnica da inadequabilidade física do edifício para receber maiores fluxos de visitantes”, sem especificar quais os problemas que afetam o museu cujo estado de degradação se tem intensificado nos últimos anos.
A decisão de encerrar o museu não foi bem aceite. A DRCC não deu conhecimento da decisão à Câmara”, uma atitude que o presidente, Walter Chicharro, classifica “no mínimo estranha”, já que “a autarquia tem sido parceira ativa daquele equipamento”.
Para além de “cuidar do espaço exterior e de manter e garantir o espólio”, a Câmara iniciou há cerca de três anos, “o diálogo com a tutela sobre uma possível delegação de competências (do Museu) à autarquia” lembrou Walter Chicharro.
Porém, para assumir a responsabilidade pelo Museu, a autarquia impôs como condição “que a tutela efetuasse um conjunto de obras que o colocasse com o mínimo de condições de segurança, para visitantes e funcionários”, tendo, segundo o presidente, “a DRCC, na pessoa da sua presidente [Celeste Amaro], afirmado que iria tomar medidas para que fossem feitas essas intervenções”.
A Câmara, que em junho passado aceitou a cedência do Forte de S. Miguel e se comprometeu a investir cerca de um milhão de euros na recuperação do edifício, “entendeu que não pode estar sempre a substituir-se à tutela” e que não tem que ser a autarquia, “com os seus parcos recursos a assumir uma responsabilidade que é do Estado”, acrescentou.
Questionada pela Lusa, a DRCC não esclareceu porque não informou a Câmara sobre o encerramento nem em que fase se encontra o processo de transferência do Museu para a autarquia, referindo apenas estar “a trabalhar em proximidade com a Câmara Municipal da Nazaré, e com o Ministério da Cultura, para encontrar de forma célere a melhor solução”.
De acordo com a Câmara, que efetuou um estudo às necessidades de obras urgentes no edifício, “concluiu-se que seriam necessários 300 mil euros para intervenções que garantissem a segurança a funcionários e visitantes”.
Na resposta às questões colocadas pela Lusa, a DRCC anunciou a existência de “diversas alternativas em análise, como a recuperação do edifício atual, a construção de um novo equipamento ou a ocupação de outro edifício municipal”, as quais “estão sujeitas à definição do modelo de financiamento, uma vez que o atual quadro comunitário não contempla investimento direto em infraestrutura”.
Para a tutela, a degradação do edifício não põe em causa o espólio já que “apesar das condições menos adequadas para a visita turística, o edifício garante a salvaguarda das coleções e do acervo museológico existente”.
A Câmara da Nazaré pediu, entretanto, a intervenção do Ministério da Cultura, com quem irá reunir no próximo dia 25, para debater as soluções para o Museu.
Aberto ao público em 1976, o Museu está instalado na antiga casa de férias do Dr. Joaquim Manso, escritor e jornalista fundador do “Diário de Lisboa”, doada ao Estado em 1968 para esse fim, pelo benemérito nazareno Amadeu Gaudêncio.
Localizado no Sítio da Nazaré, junto ao Promontório, o museu representa a identidade histórico-cultural da região da Nazaré, com incidência na cultura do mar.
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