Sobre o apoio dos portugueses à sua liderança, que classificou de oposição em nome do interesse nacional, caracterizada pela defesa de valores responsáveis, positivos e construtivos, António Seguro afirmou que “há uma maior adesão dos portugueses”.
Já sobre a liderança do actual governo de coligação, o secretário-geral do PS criticou a “subserviência” do Governo português face à chanceler germânica, Ângela Merkel, defendendo que a Alemanha beneficia da “desgraça” dos países periféricos por não haver mutualização da dívida
O secretário-geral do PS fez, ainda, na Nazaré, a defesa da necessidade “vital” de haver um programa europeu de investimento em projetos e da necessidade de serem criadas euro obrigações, defendendo ainda a possibilidade de haver um programa comunitário de investimento na ordem dos 100 mil milhões de euros, 40 mil milhões por aplicação de metade do valor dos fundos desaproveitados e 60 mil milhões com a aplicação da nova taxa sobre transações financeiras.
Neste contexto, Seguro criticou este desequilíbrio entre Estados-membros da União Europeia e tirou uma conclusão.
“Os países como a Alemanha que se financiam a menos de um por cento estão a beneficiar daquilo que é a desgraça dos outros países”, declarou, embora ressalvando a seguir não desejar que “nenhum outro povo venha resolver os problemas” de Portugal.
Porém, o secretário-geral do PS exigiu “solidariedade” no funcionamento da União Económica e Monetária e criticou a atuação europeia do Governo.
“Apesar de estarmos na oposição temos iniciativa, temos propostas e lutamos pelas nossas ideias”, referiu.
António Seguro garantiu, ainda, que “os objetivos do memorando [de assistência financeira a Portugal] não estão em causa, o PS continuará a cumpri-los e a honrá-los. Depois, entendo que é bom para Portugal que os portugueses saibam que há duas maneiras e duas alternativas de governar o país”, sustentou.
Em relação ao Documento de Estratégia Orçamental, Seguro voltou a criticar os procedimentos políticos seguidos pelo Governo.
“O Governo elaborou um documento que vai para além do período de vigência do Programa Económico de Assistência Financeira a Portugal e que vai inclusivamente para além da legislatura. O Governo elaborou esse documento sem ouvir o PS. Enviou-o para Bruxelas sem discuti-lo primeiro no Parlamento”, referiu.
António José Seguro deixou, na Nazaré, um recado ao Governo e, em particular, ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho: “O PS está disponível para todos os consensos – e não é preciso estarem no memorando”.
“Se houver necessidade de um consenso na justiça para que a justiça funcione melhor, cá estaremos. Mas há uma diferença, porque uma coisa é o consenso e outra coisa é obediência”.
Num discurso em que procurou traçar linhas de demarcação face ao Governo, o secretário-geral do PS apresentou uma diferença “substancial” entre si e o primeiro-ministro em termos de conceção de política social.
“Para nós o desemprego não é uma oportunidade, mas antes um drama e um flagelo social”, salientou.
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