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José Maria Trindade lança “A Nazaré dos Pescadores”

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José Maria Trindade é licenciado em Antropologia, pela Universidade Nova de Lisboa e mestre em Ciências da Educação, pela Universidade do Porto. A sua entrada na Antropologia foi com o professor Jan Brögger, da Universidade de Trondheim, na Noruega, com quem trabalhou num estudo sobre a comunidade piscatória. Foi também assistente dessa Universidade, no Instituto […]
José Maria Trindade lança “A Nazaré dos Pescadores”

José Maria Trindade é licenciado em Antropologia, pela Universidade Nova de Lisboa e mestre em Ciências da Educação, pela Universidade do Porto. A sua entrada na Antropologia foi com o professor Jan Brögger, da Universidade de Trondheim, na Noruega, com quem trabalhou num estudo sobre a comunidade piscatória. Foi também assistente dessa Universidade, no Instituto de Antropologia Social. É docente de Antropologia, no Instituto Politécnico de Leiria (IPL), desde 1997. Faz parte do Centro de Investigação, Identidade(s) e Diversidade(s), do IPL, onde faz investigação sobre as comunidades piscatórias, o turismo e a problemática das identidades dos imigrantes em Portugal. Tânia Rocha

O nazareno José Maria Trindade, docente e investigador no Instituto Politécnico de Leira, apresenta, no dia 6 de Junho, o livro “A Nazaré dos Pescadores – Identidade e Transformação de uma Comunidade Marítima”, na Biblioteca Municipal, pelas 14h30. Segundo o autor, este livro retrata “a transformação da comunidade piscatória da Nazaré, nos últimos 30 anos”, numa altura em que a pesca foi perdendo espaço em detrimento do turismo, e quando a comunidade piscatória sofre uma transformação, com a perda de pescadores, que procuram outro rumo de vida. Através do estudo da gente da Nazaré, José Maria Trindade explica o processo de construção da identidade cultural. O bilinguismo cultural dos filhos dos pescadores, que têm hoje entre trinta e cinquenta anos, é o ponto de partida para a explicação da transformação da identidade da comunidade piscatória. Para o autor, a dificuldade que os jovens oriundos das famílias piscatórias sentem na escola, tem origem numa diferença entre culturas: a cultura piscatória construiu-se como uma contra-cultura, em conflito com a cultura dominante de classe média. De acordo com a obra, o professor procura “com este trabalho saber de que forma as transformações, que nas últimas três décadas fizeram a Nazaré passar de vila piscatória a estância turística, foram vividas e percebidas pela geração que cresceu durante este período de transformação”. Durante a entrevista ao Região da Nazaré, o autor falou também da importância da preservação da memória da comunidade piscatória da Nazaré: “temos de encontrar a nossa saúde colectiva e trazer a memória hoje apagada. Temos de ter um jardim de pedra, com o nome dos nossos antepassados que morreram no mar, para que as mortes não tenham sido em vão”. “A Nazaré tem uma história trágica, temos uma chaga aberta, e não podemos viver como se nada tivesse acontecido. É preciso ter presente a nossa memória. Hoje ainda não temos um monumento a esta memória, porque a Nazaré nunca foi dos pescadores”. A obra “A Nazaré dos Pescadores” foi inspirada na tese de Mestrado que José Maria Trindade realizou entre 2001 a 2003, através de metodologia qualitativa, com base em entrevistas abertas, pesquisa em arquivos e questionários. “O projecto de investigação, cujos resultados são aqui apresentados, foi construído em torno de duas questões centrais: a produção de uma identidade etnocultural assente no modo de vida tradicional; e as relações entre esta identidade cultural local e a cultura dominante”. No livro que o investigador nazareno vai publicar, podem ler-se as seguintes passagens: “Os embarcadiços ocupavam um lugar à parte dentro da comunidade piscatória, (…) e especialmente aqueles que tinham alguma escolaridade, inculcavam desde muito cedo nos filhos um projecto de emancipação social que se concretizava por um lado pela matrícula no colégio, e, por outro, por um discurso de distanciação social em relação à classe de origem.” “Esta imagem do pescador e da Nazaré também serviu para a elaboração de um discurso etnocêntrico exacerbado que permite aos nazarenos enfrentar uma imagem estigmatizada que as populações das regiões rurais envolventes lhes devolvem.” “Não basta ser da Nazaré, é preciso falar à moda da praia e rejeitar o snobismo e afectação burguesas.” “ (…) hoje é o comércio, a hotelaria e restauração, bem como o emprego na função pública que absorvem a grande parte da mão-de-obra local. São muitos os filhos de pescadores que hoje são proprietários de bares e restaurantes, no próprio espaço onde há poucos anos era a casa de habitação.” “ (…) na Nazaré se cruzam na estrutura social duas clivagens fortes: uma que assenta na oposição entre mar e terra, sobre a qual os indivíduos constroem a sua identidade de grupo e uma mundivisão particular; e outra que assenta no estatuto económico das famílias – quer se tenha apenas em conta as famílias marítimas, quer dentro da vila considerada globalmente.”“A mundivisão tradicional dos pescadores é marcada por uma rigorosa separação entre o mar e a terra. Separação esta reforçada por uma realidade que acentua a dicotomia masculino-feminino, quer na divisão do trabalho, quer na arrumação simbólica do cosmos e do espaço social. O Mar e a Terra funcionam para os pescadores da Nazaré como arquétipos fundamentais na sua mundivisão.” A apresentação da obra vai contar com a presença do editor da Colibri, Fernando Mão de Ferro, um representante da Câmara Municipal e o Doutor Fernando Magalhães, do Centro de Investigação. A obra é editada pela Colibri, com a colaboração da Câmara Municipal da Nazaré, do CIID – Centro de Investigação Identidades e Diversidades do Instituto Politécnico de Leiria, e da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia.

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