O “Toma” passou a designar um meio de transporte, em vez de estar apenas associado a um gesto feito com os braços e que, para muitos, é grosseiro, ainda que o pratiquem vezes sem conta na sua imaginação, sempre que algo lhes desagrada, ou se sentem enganados.
Ainda que não exista uma peça representativa do Zé Povinho em cada casa portuguesa, todos concordamos que é uma figura emblemática, com certeza. Quase estaríamos tentados a dizer que, dentro de cada um de nós, vive um Zé Povinho. No entanto, a verdade é que todos temos convivido muito de perto com a sua digníssima esposa, a não menos famosa “Maria Paciência”, pois para aguentar a dose de impostos, de cortes nos ordenados e nas pensões dos menos favorecidos têm sido necessárias quantidades industriais de paciência e de brandos costumes.
A nossa indignação tem sido suplantada pela nossa paciência. Se não fossemos tão brandos, talvez o governo já tivesse caído, ou já teria havido uma “revolução”. Longe de nós incitar à rebelião, mas com tanto corte e tanto imposto, não há paciência que aguente! Talvez haja necessidade de fazer renascer a indignação do gesto do Zé Povinho e convidar os nossos governantes a dar uma voltinha de “Toma”. Só com bilhete de ida para parte incerta, sem volta.
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