Da segunda vez que foram pedidos sacrifícios, mais sacrifícios, os portugueses desconfiaram. Tinha havido erro nos cálculos e as previsões tinham falhado, disse o Governo. Estranhamente, acrescentaram com ingenuidade, os buracos aumentaram em lugar de serem tapados. Prometeram, desta vez, resolver o problema e tornar o futuro próspero. Os portugueses, a muito custo, acreditaram…
Das vezes seguintes em que foram pedidos ainda mais sacrifícios, os portugueses revoltaram-se. Porque perceberam que o aumento dos buracos orçamentais se destinava a engolir, apenas e só, os seus sacrifícios. E perceberam, também, que a única coisa que os seus sacrifícios tapavam era a incompetência do Governo. Não há paciência que aguente…
O Governo é, de facto, um buraco insaciável. Sem qualquer réstia de sensibilidade, porque suga sem contemplações o sangue dos mais fracos, dos mais expostos e dos mais indefesos. Com justificações tolas, mentirosas e injustas. Que não resolve nenhum problema mas que os agrava todos. Que esbanja o nosso dinheiro com assessores, consultores e parcerias, e cedências aos grandes interesses nacionais e internacionais.
O Governo que temos é uma manta de retalhos, cujas políticas de austeridade aumentaram significativamente a dívida pública. Nestes dois anos de exercício, destruiu a economia e a sustentabilidade do Estado social. Quer fomentando a emigração (principalmente dos jovens qualificados) quer dificultando a fixação de imigrantes. Durante este período de governação a crise agravou-se e o Governo falhou na resposta aos problemas sociais por ela gerados. Os seus erros grosseiros provocaram milhares de vítimas. Pessoas que perderam o trabalho, as poupanças, os negócios, a habitação bem como o direito à saúde, à educação e à alimentação, sendo condenadas à caridade, à emigração, à fome e à miséria.
No entanto, houve quem lucrasse com o nosso incomportável endividamento, com o encerramento de milhares de empresas, com a flexibilização das leis laborais, com a degradação das condições de vida dos portugueses, com as ameaças de extorsão e a consequente fuga de capitais. A Alemanha e os países do norte da Europa, deixaram de ter as nossas empresas no mercado concorrencial, viram a mão-de-obra barata tornar-lhes os investimentos mais apetecíveis e passaram a financiar-se a juros nulos ou até negativos. Por isso é que as suas economias são sólidas, ao contrário da nossa que se vai tornando irrecuperável.
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