Deixemos, por alguns momentos, o passado em paz e falemos apenas do presente. Sem nos escondermos por detrás do subterfúgio das palavras e mencionando apenas factos. Factos imputáveis exclusivamente ao actual exercício da governação. E que, portanto, não encontram no passado qualquer desculpa ou pretexto que justifique os fracassos.
Acontece que a execução orçamental, com uma derrapagem de três mil milhões de euros, tem sido péssima. Sendo a economia portuguesa aquela que, na União Europeia, mais contraiu no segundo trimestre deste ano. O que significa que o célebre e tão badalado ajustamento económico é um desastre. Em lugar de nos tornarmos mais competitivos tornamo-nos menos competitivos. Com a agravante de, na Europa, não terem baixado salários.
No último ano todos os indicadores económicos pioraram, excepto um ou outro que foi inflacionado por artificialismos. Houve um aumento brutal do desemprego, da recessão e da dívida. Mas houve, também, uma quebra acentuada nas receitas, apesar dos financiamentos, das receitas extraordinárias e das vendas das participações estratégicas do Estado.
A renegociação dos contratos com as PPP é uma intrujice pegada bem como a extinção das Fundações, dos gabinetes e dos institutos. Continuam as nomeações escandalosas de amigos e correligionários, e o favorecimento de empresas e grupos económicos da área do poder. O que não causa nenhuma surpresa, se nos lembrarmos que o ministro encarregado destes “dossiers” tem uma carreira, profissional e política, pautada por habilidades, compadrios e vigarices.
O grande problema deste Governo, mesmo quando atira as culpas para detrás das costas, é ser incompetente e pouco sério. Incompetente, por todas as metas e previsões falhadas, pelo desconhecimento da situação real do país e pela ausência de estratégias e soluções eficazes. Tendo de recorrer frequentemente a comissões, equipas técnicas e assessores. Mas é, também, pouco sério, porque não assume as suas responsabilidades, porque se submete aos grandes interesses e, finalmente, porque esbulha os mais fracos e desprotegidos de uma forma prepotente e insensível.
Apesar desta actuação desastrada do Governo, tenho a certeza de que a maioria que o apoia não vai contrariar esta política ruinosa e antidemocrática. Vai, pelo contrário, esconder-se e refugiar-se na disciplina partidária e no interesse do país(?). O que é lamentável, porque significa que os deputados se demitem das suas atribuições e compromissos. E, parafraseando Almada Negreiros: um grupo parlamentar que consente deixar-se representar por este Governo é um grupo parlamentar de charlatães e de vendidos.
Infelizmente, esta ditadura disfarçada de democracia tem como último obstáculo o actual Presidente da República. Pelo que só nos resta o consolo de podermos ler alguns desabafos no Facebook…
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