O reduzido grau de desenvolvimento, o isolamento e o descrédito generalizado nas instituições do continente, levaram ao aparecimento fácil de um ditador. Foi assim que, Alberto João Jardim, tomou conta do poder, construindo um sistema autonómico próprio. Sistema esse que ignorava as leis do país e actuava de acordo com as suas próprias regras. Regras ditadas por meia dúzia de famílias dominantes que, de certa forma, substituíram o Estado.
Como cada família defendia os seus interesses, depressa se instalou a anarquia e a Madeira entrou em défice democrático. Certos homens sem escrúpulos viram aqui uma janela de oportunidade para instalarem uma ditadura e assim o fizeram. Em pouco tempo, apoderaram-se das actividades lucrativas da ilha, constituindo empresas familiares que lhes proporcionaram um enriquecimento fácil. Através da realização de obras por ajuste directo e sem qualquer espécie de controlo, rapidamente alcançaram o sucesso e construíram fortunas.
Jaime Ramos e Avelino Farinha, principalmente estes dois, com a conivência do governo regional e do partido, foram deste modo aumentando o seu poder e a sua influência. Quais senhores feudais, impuseram a sua autoridade à restante população, recorrendo frequentemente à ameaça e à violência. Por isso o seu enriquecimento fácil, com recurso a práticas fraudulentas, nunca foi denunciado pelo temor de represálias.
Na hierarquia da “Cosa Nostra” madeirense, as famílias foram-se ramificando sob a chefia de um líder, que toma as decisões mais importantes e para o qual se canalizam a maior parte das receitas apuradas. Apesar de cada família ter os seus próprios negócios e a sua independência, existem por vezes cumplicidades partilhadas em empreendimentos complementares. E assim se consolidou esse império tentacular de interesses que tem dominado o arquipélago.
A dívida oculta da Madeira – que continua a aumentar vertiginosamente – está agora a ser investigada pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Mas as manobras ilícitas e os negócios obscuros que lhe deram origem, já desde há muito tempo que são do conhecimento público. Nós, “os cubanos”, andamos há vários anos a pagar o preço deste regabofe e desta ditadura autonómica. No entanto, a responsabilidade criminal dos governantes e dos dirigentes partidários madeirenses, continua a ser branqueada pelo Governo e pelo PSD nacionais. Prova de que, afinal, o crime compensa!
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