Eu Pescador de ConfessoArmando LopesColunista Aqui, neste país à beira mar plantado, existem remadores e timoneiros. Muito poucos remadores e demasiados timoneiros. Sendo que, a maior aspiração dos primeiros é a de se transformarem nos segundos. Por vários motivos. Desde logo, porque se ganha mais e melhor. Enquanto que, os timoneiros, têm remunerações equiparadas ou superiores às dos países mais desenvolvidos, os remadores, têm salários infinitamente mais baixos. Mas existem também outras motivações que justificam a citada aspiração. Como, por exemplo, o facto de se falar mais e trabalhar menos. Pelo que, a discrepância dos salários, não é a única justificação para o desejo de transferência.
Aqui, neste país à beira mar plantado, há de facto quem fale muito e execute pouco. Talvez porque a saliva é mais fácil do que o suor. Muitos estrategas, muitos analistas, muitos comentadores, muitos especialistas, sociólogos, filósofos e sábios. No entanto, apesar desta abundância crítica e sapiente, há muito poucos interessados em encontrar soluções. Por isso é que os problemas se arrastam e demoram tanto tempo a resolver, quando se resolvem. Na Saúde, na Justiça, na Educação, no Ambiente, na Administração Pública e, um pouco, por todo o lado.Aqui, neste país à beira mar plantado, há mesmo quem seja um travão e um estorvo ao progresso e desenvolvimento. Há quem utilize as populações como arma de arremesso e não lhes dê nada em troca. Nem esclarecimento nem clarividência nem ponderação nem bom senso. Apenas e só demagogia, deturpação, incoerência e oportunismo político.Aqui, neste país à beira mar plantado, há muito quem queira ser timoneiro apenas para chefiar, manipular, dar ordens e receber louros indevidos. Quem queira ser timoneiro para ter protagonismo e um trampolim de acesso ao poder.Aqui, neste país à beira mar plantado, ser timoneiro é pertencer ao “Compromisso Portugal” e reunir no Convento do Beato. É mandar uns “bitaites” sobre a falta de produtividade do país, responsabilizando os remadores pela crise. É argumentar que a solução consiste na redução do salário dos remadores e no aumento do dos timoneiros. Porque só com timoneiros bem remunerados é que o país avança e progride.Portanto não admira que, aos poucos, este país à beira mar plantado se vá transformando num paraíso de magnatas, patrioteiros e moralistas. Excelentes a conceberem estratégias e a delinearem planos de desenvolvimento. Excelentes a importarem artigos de luxo e a participar em grandes eventos internacionais. Mas que não produzem nada para além da sua própria incontinência verborreica, porque não são eles que fazem andar o barco.Estou farto de timoneiros!…
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