Os dados, avançados pela diretora clínica do CHL, Elisabete Valente, são «muito preocupantes, e revelam que ainda há muito a fazer no que respeita à sensibilização dos utentes e de todos os profissionais envolvidos na rede nacional de cuidados de saúde, para a correta utilização das urgências hospitalares», a responsável adianta ainda que, «durante o mês de julho, 48,7% dos casos atendidos na urgência do Hospital de Santo André corresponderam a situações não urgentes».
«Além da prevenção de contágios e do agravamento de situações mais simples – os utentes não urgentes ficam expostos a doenças, como as gripes, por exemplo –, a utilização correta das urgências facilita o seu funcionamento no atendimento aos casos realmente urgentes», alerta Elisabete Valente. «Têm sido dias difíceis, em que tem feito a diferença a qualidade e a capacidade de sacrifício das equipas da urgência, para dar prioridade aos doentes urgentes e tentar limitar a espera daqueles que, não sendo casos urgentes, e devendo ser atendidos noutros serviços, são, ainda assim, observados e atendidos na urgência», refere, sublinhando que «na urgência não se fazem consultas, e esta é uma ideia que ainda não está bem entendida por todos».
Durante o mês de julho, a urgência do Hospital de Santo André registou 8.824 atendimentos e 4.223 só durante a primeira quinzena de agosto. O número médio diário de doentes socorridos na urgência na primeira metade do mês de agosto foi de 277, cerca de 17,3% acima da média de utentes previstos (240), à semelhança do cenário verificado no mês de julho, em que foram atendidos mais 18,6% de utentes, que o previsto.
Ainda assim, face ao acréscimo do número de atendimentos registados ao longo deste período, os tempos definidos pela prioridade – que compreendem o tempo de espera entre a triagem e a primeira observação – têm sido mantidos.
No que respeita aos casos classificados com a cor amarela (urgentes), correspondentes a 45,52% do total de ocorrências em julho e nos primeiros quinze dias de agosto, o tempo médio de espera foi de 41 minutos, em julho, e de 42 minutos em agosto, cerca de 20 minutos a menos que os 60 minutos previstos. As situações classificadas como “não urgentes”, identificadas com as pulseiras verde, azul e branca (47,78% durante este período), registaram tempos médios de 92, 94, e 62 minutos, em julho, e 124, 185 e 77 minutos, em agosto, quando os tempos de referência de espera estão compreendidos entre os 120 (para casos identificados com pulseira verde) e os 240 minutos (para casos com pulseira azul).
A diretora clínica explica que «a rede de referenciação de doentes está claramente definida a nível nacional, e inclui todos os prestadores de cuidados de saúde – os utentes, os profissionais de saúde, os cuidadores, os meios de socorro, etc. – em todos os níveis, com uma hierarquia clara tendo em conta a urgência das situações. Os utentes devem dirigir-se às urgências hospitalares apenas em situações previsivelmente graves, ou em que a demora de diagnóstico e/ou tratamento possa acarretar graves riscos para a saúde, e estes casos são habitualmente referenciados pelo médico de família ou pelo INEM, e os doentes transportados ao hospital por esta via; em todos os outros casos, os utentes devem antes procurar apoio de outros serviços de saúde, nomeadamente a Linha Saúde 24 ou os cuidados de saúde primários – estes profissionais encaminharão, se for caso disso, para o hospital».
«Em caso algum o utente deve usar por sua iniciativa os meios de socorro como” transporte particular” para ser atendido numa urgência hospitalar», alerta Elisabete Valente, «até porque também esses meios seguem a rede de referenciação e, em casos não urgentes, devem usar como destino os cuidados primários».
Nos serviços de urgência, terão prioridade as emergências, ou seja, situações em que a vida do utente corra perigo (acidentes significativos, intoxicação, convulsões, etc.), as doenças súbitas (dor aguda, grande traumatismo, hemorragias, queimaduras, etc.), e os doentes referenciados (portadores de carta com pedido de observação efetuado pelo médico de família/assistente).
Se não souber como deve proceder, o utente deve, antes de sair de casa contactar, por telefone, a Linha Saúde 24 através do número 808 24 24 24, para se aconselhar antes de se deslocar à urgência do hospital – se for necessário, o utente será devidamente encaminhado. Se precisar de ser visto por um profissional de saúde, o utente deve dirigir-se em primeiro lugar ao seu médico de família, no centro de saúde, ou ao seu médico assistente; caso não tenha sido possível ser observado pelo seu médico, deve recorrer à Consulta Aberta do seu centro de saúde, ou ao Serviço de Atendimento Prolongado (SAP).
O CHL recorda que a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) está disponível para esclarecer as dúvidas dos utentes, e encaminhá-los se necessário, 24 horas por dia, todos os dias.
Fonte: Midlandcom
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