A empresária aguarda que seja dada a declaração de interesse público do património azulejar português, da autoria do mestre Querubim Lapa, o pintor e ceramista com mais obras no espaço público do país, para dar início às intervenções necessárias naquele espaço comercial, transformando-o numa nova loja da Alcoa.
“Trata-se de uma loja emblemática”, reconhece a empresária, adiantando que foi devido ao pedido da Comissão de Cidadania e do Museu do Azulejo para a declaração de interesse público patrimonial do edifício que as obras da nova loja da Pastelaria se atrasaram.
Paula Alves garante que, ainda assim, a sua preocupação também é a “salvaguarda do património azulejar de um edifício emblemático da capital” e que o seu projeto de adaptação do espaço para funcionar como pastelaria dos doces conventuais sempre teve em conta a obra de Querubim Lapa.
A antiga Casa da Sorte, numa esquina do Chiado, entre a Rua Garrett e a Rua Ivens, estava encerrada.
A Casa da Sorte é toda em cerâmica, no exterior e no interior, chegou a ser uma tabacaria, onde o Eça de Queiroz ia comprar os seus charutos. Depois, o espaço transformou-se, no início dos anos 1960, com o projeto do arquiteto Conceição Silva, que convidou o ceramista para ali fazer uma profunda intervenção.
É uma das intervenções esteticamente mais arrojadas alguma vez impressa num edifício pombalino.
No exterior, em azul e branco — num contraste absoluto com a “explosão psicadélica avant la lettre”, nas palavras de Maio, que encontramos no interior —, o ceramista criou um desenho a partir de números, um tema que se adaptava bem à Casa da Sorte.
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