Não deixa de ser irónico. Como diz o ditado: “Preso por ter cão e preso por não ter”, que é como quem diz: preso por não deixar o senhor professor doutor trabalhar e preso por mandá-lo trabalhar! Bom, talvez a multa tenha sido aplicada devido ao palavrão que veio a acompanhar a referida ordem ou conselho dado à ilustre figura. Se foi por abuso de linguagem, mais de meio país devia pagar multas e a outra metade ir dormir aos calabouços pelo menos 5 noites por semana, cada vez que insulta através de palavras ou pensamentos aqueles que tomaram para si a missão de desgovernar o nosso país.
Se por um lado é irónico, por outro torna-se quase reconfortante saber que, em vez de fazer terapia devido à depressão crónica em que vivemos, um insulto quase heróico, mas caro, alivia a alma de quem está profundamente revoltado.
Pobre cidadão que vai ter de pagar sozinho por um insulto coletivo. Afinal, um presidente que comunica por facebook e só diz o que pensa quando sai do país precisa de fazer terapia ocupacional… e não há melhor terapia do que trabalhar. Em última análise, o cidadão apenas estava preocupado com a saúde do presidente. E paga uma pessoa uma multa só por dar um conselho! Ao ponto que nós chegamos! O palavrão também tem explicação: talvez o senhor seja de alguma região em que o linguajar seja mais à vontade e as palavras feias não tenham assim tanto peso como na capital … E mesmo que assim não seja, que atire a primeira pedra aquele que nunca chamou nomes ao figurão político.
Ainda há poucas semanas, um ilustre comentador televisivo chamou “palhaço” à mesma personagem da cena política. Não podemos estar mais em desacordo: o palhaço é uma figura simpática que nos faz rir e esquecer as tristezas da vida. O presidente e o governo fazem exatamente o contrário: fazem-nos chorar e esquecer as alegrias da vida.
No entanto, o comentador, apesar de ter insultado os palhaços, não pagou qualquer multa aos mesmos por tê-los comparado com alguém que torna os nossos dias mais tristes e sombrios com a sua inoperância. Esta situação desigual só nos fez recordar aquilo que tentamos negar todos os dias: há portugueses de primeira e de segunda…
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