Só que como diz o povo, “há mais marés que marinheiros” e a desdita também nos bateu à porta. O longe fez-se perto e se o vento e o mar não estavam enfurecidos, não sei como havemos de classificar aquilo por que passámos nas últimas semanas: o mar a galgar pela terra dentro, arrastando consigo vitrinas, esplanadas, tentando roubar aos homens aquilo que há alguns séculos os homens lhe roubaram: território.
Esta bela faixa costeira foi conquistada ao mar há alguns séculos. O Homem desafiou a Natureza. Quem nos garante que ela não terá sede de vingança?
Perante a fúria do mar, percebemos, finalmente, como somos pequenos. A nossa existência é insignificante perante o poder daquilo que pensamos dominar.
Pobres formigas perto da força avassaladora da Natureza.
Esta “lição de moral” da Mãe-Natureza também nos transportou para o passado, no tempo em que não havia água canalizada, não havia luz, nem televisão, nem telemóvel, nem internet, nem tantos confortos a que nos habituámos e dos quais, sem nos apercebermos, nos tornámos escravos. Será que conseguiríamos viver como os nossos avós e bisavós?
Qual das gerações teve mais conforto? – A nossa sem dúvida! E qual delas teve mais qualidade de vida? A resposta, agora, é mais difícil: o tempo que gastamos atrás de umas maquinetas que nos fazem estar em contacto com o mundo também nos impedem de sentir o mundo.
Depois da tempestade vem a bonança. Esperemos que a natureza se acalme e o sol nasça para todos nós…
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