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Camilo Lourenço e Tiago Guerreiro deram dicas de “Como resistir e aproveitar a crise”

Paulo Alexandre

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“Como resistir e aproveitar a crise?” foi o tema do jantar conferência que trouxe, no passado mês de julho, a Alcobaça o comentador Camilo Lourenço e o fiscalista Tiago Caiado Guerreiro, por iniciativa da empresa Pinkgest.

Camilo Lourenço explicou que «a maior responsabilidade da crise que Portugal vive deve-se à má qualidade da classe política», adiantando que não conhece nenhum país europeu que tenha sofrido, desde o 25 de Abril de 1974, três intervenções externas para auxiliar as contas públicas do Estado.

Para alterar a situação é necessária, segundo explicou, «a mudança de mentalidade dos portugueses e da classe empresarial».

O comentador afirmou que o país está no bom caminho, mas referiu que «a crise do financiamento bancário não vai passar, dado ser um fenómeno estrutural e resultante da desconfiança dos mercados nos bancos do sul da Europa».

Escassez de crédito e crédito caro é o que espera as empresas em Portugal, pelo que, adiantou, «as empresas terão de seguir o exemplo das suas congéneres estrangeiras, financiando-se através de capitais próprios ou recorrendo diretamente ao mercado de capitais, como já fizeram algumas das grandes empresas portuguesas, com a PT, Brisa ou Continente».

O passado económico do país levou, por sua vez, Tiago Caiado Guerreiro a afirmar que «Portugal já esteve várias vezes próximo da bancarrota», sendo que a solução passa pela internacionalização das empresas.

Para o fiscalista, o Brasil e Angola, entre outros países, deveriam ser vistos como uma prioridade para Portugal, no que toca às exportações, já que estão a crescer, ao ano, entre 5 e 10 por cento.

Para o crescimento de Portugal, a descida dos impostos é, para este fiscalista, a próxima grande prioridade. Apontando como exemplos a Irlanda, a Suécia, a Holanda, Luxemburgo ou Dubai, a descida dos impostos deu bons frutos, Tiago Guerreiro referiu, ainda, que no Dubai, os lucros das empresas obtidos noutros países são bem recebidos, desde que a empresa tenha atividade reconhecida no País de onde são oriundos os capitais, ao contrário de Portugal onde se olha com desconfiança a entrada de capitais de empresas obtidos no estrangeiro, se a contabilidade apresentada não estiver de acordo com as normas portuguesas.

«No limite, o empresário pode até ir preso, acusado de branqueamento de capitais», referiu.

A consequência da elevada fiscalidade é a fuga generalizada das empresas. A EDP Renováveis, sedeada em Espanha por razões fiscais, é um dos casos, mas muitas outras empresas portuguesas escolheram a Holanda como sede fiscal, tendo a empresa Pingo Doce sido uma das mais recentes a mudar o seu domicílio fiscal.

O processo de licenciamento de empresas em Portugal é outro dos entraves ao desenvolvimento económico. Se no país o projeto de um galinheiro no Alentejo demora dois a três anos a ser aprovado, na Áustria não há licenciamento, mas apenas a verificação do cumprimento da legislação.

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