EDITORIAL 128A campainha toca. Em todo o país, começa a azáfama de mais um ano. Professores e alunos dirigem-se às salas de aula que vêm marcadas no horário. Nem sempre estão correctas. Acertos de última hora. Todos se ajustam lentamente, escorregando, devagar, pelas cadeiras. Professores novos. Alunos novos. Caras conhecidas nos corredores. Burburinho. A primeira aula é rápida para os que se conhecem e trazem nas mochilas muitas novidades de um Verão que pareceu curto, mas que foi recheado de emoções, aventuras, paixões, novas experiências, novas aprendizagens. Começam as apresentações. Apresentam-se as pessoas, apresentam-se os programas, apresentam-se as regras sobejamente conhecidas por todos e nem sempre respeitadas.

O som das cadeiras arrasta-se no ar e prologa-se em uníssono no pátio da escola. Intervalo. Compasso de espera para a aula seguinte. Momento de pausa para rever os amigos que estão noutras turmas.Todos os anos, a história repete-se. No entanto, este ano é um pouco diferente. Há muitas novidades quer para os professores, quer para os alunos. Mudanças ao nível dos estatutos. Alteram-se as regras do jogo. Para os alunos acabaram os dias de “gazeta”, as faltas, agora, implicam um teste acrescido.Para os professores, as novidades sucedem-se a um ritmo tal que quase não há tempo para respirar. Para aqueles que julgavam o seu estágio terminado há muito, a adrenalina começa já a subir: voltam as aulas assistidas, as planificações diárias de aula e a avaliação feita pela Coordenadora que, até há bem pouco tempo era igual a todos os professores. Também a linguagem da Escola passou a “copiar” a das empresas: são precisas metas e indicadores, há um Sistema de Gestão da Qualidade que traduz tudo em números: desde o nosso grau de satisfação, até às vezes que o menino X ou Y foi convidado a sair da sala por excesso de participação (negativa!) na aula…Como em qualquer empresa, também há prémios, daí que o Ministério da Educação tenha inventado o “Dia do Diploma”, para acenar com uma cenoura a todos aqueles que até agora tinham como máximo divertimento escarnecer aqueles que escolheram estudar e cumprir as regras. Agora, ninguém vai estudar para aprender, mas para se candidatar ao prémio, como se de um concurso se tratasse…