Memórias e reflexões de Laborinho Lúcio no livro “A Vida na Selva”

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“A Vida na Selva”, uma viagem às memórias e histórias de Álvaro Laborinho Lúcio, que se confundem por entre lembranças de infância e palestras de autor, depois de uma carreira dedicada à magistratura e à política, foi apresentado, no passado sábado, dia 06 de abril, na Biblioteca Municipal José Soares. Foi o título de uma […]

“A Vida na Selva”, uma viagem às memórias e histórias de Álvaro Laborinho Lúcio, que se confundem por entre lembranças de infância e palestras de autor, depois de uma carreira dedicada à magistratura e à política, foi apresentado, no passado sábado, dia 06 de abril, na Biblioteca Municipal José Soares.

Foi o título de uma redação da escola que deu origem à recolha de crónicas e textos literários, compilados, agora, num livro, que aproximam o escritor dos leitores, resultando na nova obra do antigo ministro da Justiça e juiz conselheiro jubilado do Supremo Tribunal, onde se aborda a vida do passado, do presente e do futuro.

“A Vida na Selva pode ser lida como uma espécie de autobiografia”, explicou o escritor à audiência, mas aponta, também, para “desejos de uma sociedade mais dialogante”. Numa das duas partes, que compõem o livro, como disse Laborinho Lúcio, é expressada a opinião sobre a atual Constituição, para quem, no momento oportuno, pode vir a ser

benéfico revê-la, a bem de uma justiça mais democrática e mais completa.

O autor presenteou os ouvintes com a leitura de um excerto da sua mais recente obra, para exemplificar do que fala esta publicação da Quetzal Editores.

“Na primeira vez que nasci havia guerra. Na minha terra havia fome. As pessoas dividiam-se em pés-descalços e pés-calçados. Os miúdos descalços vestiam camisola de escocês esfiapado e os mais pequenitos andavam nus da cintura para baixo. Eu usava calções. Quando chegou o tempo de aprender a ler, escrever e contar, o meu pai mandou-me

para a escola dos pés-descalços. Aí, ao princípio, nascia todos os dias um bom bocado. Logo na estreia, regressado a casa, minha mãe, que me queria na escola dos meninos calçados, horrorizou-se ao ouvir as minhas queixas:

Os menines dezerem que eu sou panelero.

– Logo o meu pai acorreu em socorro de ambos, autorizando-me a levar, no dia seguinte, a bola de catechu, chegada de Lisboa, novinha em folha. Fui de calça comprida com o esférico debaixo do braço. Foi diferente o regresso ao seio da família:

– Mãezinha! Os menines já gostem de mim. E já não sou panelero.

Eram os novos amigos. Ainda hoje muitos deles o são”.

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