Os arguidos, em prisão domiciliária com vigilância eletrónica, prestaram depoimento, à exceção do mestre, de 49 anos, o único que se encontra em prisão preventiva, e revelaram que iriam receber dez mil euros por transportarem uma carga de que asseguraram desconhecer o conteúdo, apesar de admitirem que pudesse ser algo ilegal, afirmando estarem arrependidos. O mestre receberia quinze mil euros. O estupefaciente seria destinado a uma organização criminosa galega.
O barco, com 10,36 metros de comprimento, construído em 2005 e matriculado na Figueira da Foz, foi apresado a norte dos Farilhões, ao largo de Peniche, a menos de vinte milhas da costa, numa operação articulada entre a Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes, e o Cuerpo Nacional de Polícia, de Espanha, com a localização e abordagem ao pesqueiro a serem feitas com o apoio da Força Aérea e da Marinha.
Por ser uma embarcação de pesca costeira podia operar em qualquer porto do país. Usava covos para apanhar várias espécies de peixe. O mestre era o proprietário, em conjunto com outro sócio, que desconheceria o carregamento que estava a ser transportado.
A tripulação que ia na embarcação não era a habitual. Geralmente quem seguia no barco, para além do mestre, era o seu filho e mais um pescador. Na ocasião o filho do mestre estava ausente, alegadamente por doença. A bordo encontravam-se outros três pescadores residentes em Atalaia e Ribamar, na Lourinhã, e um espanhol.
Na sequência desta intervenção, as autoridades espanholas desenvolveram uma operação policial na Galiza, Astúrias e Madrid, tendo detido dez elementos pertencentes à organização criminosa, que possuía estreitas ligações a organizações colombianas que se dedicam à introdução de elevadas quantidades de cocaína na Península Ibérica com o objetivo de abastecer os mercados clandestinos da Europa.
No julgamento em Leiria foi relatado que a droga foi transferida de um veleiro para o “Onda Nazarena”, através de um bote, que fez o transbordo de 63 pacotes. Seria o mestre quem efetuava as comunicações com o veleiro, que não chegou a ser descoberto. No regresso à Nazaré foram intercetados e levados para o porto de pesca de Peniche, onde foi feita a revista ao barco.
A droga detetada valeria no mercado cerca de 60 milhões de euros.
O julgamento prossegue no dia 9 de fevereiro.
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