Contudo, o cenário não é tão grave como o que se verificou em dezembro de 2009, quando os horticultores viram mais de metade das suas estufas destruídas pelo temporal e teve de se recorrer à importação para conseguir dar resposta à procura de produtos hortícolas, já que se deixou de ter capacidade de produzir bens como alface e tomate em quantidade suficiente. Na ocasião, foram destruídos mais de 250 hectares e houve 40 milhões de euros de prejuízos.
“Tivemos uma série de estragos e estamos a acabar o levantamento para fazer chegar o relatório ao Ministério da Agricultura”, afirmou António Gomes, presidente da AIHO, adiantando que na zona de Torres Vedras “houve cerca de trinta hectares de estufins de morangos destruídos por completo pelo mau tempo, envolvendo seis produtores, e sessenta hectares de estufas de hortícolas em Torres Vedras e Lourinhã ficaram com os plásticos danificados, chegando os prejuízos próximo de um milhão de euros”.
Para além disso, “as culturas ao ar livre também sofreram”, apontou, sublinhando que ficou “bastante afetada a coluna das favas, ervilhas e bróculos”. Devido aos estragos, a produção também ficará atrasada.
Nas Caldas da Rainha dez hectares de estufas de morango ficaram completamente destruídos, causando prejuízos superiores a um milhão de euros. Em risco estão 80 postos de trabalho.
“Ficou quase tudo destruído, nem sequer fiz as contas. Mas é um balúrdio”, desabafou Ana Paula, dona de um hectare de estufas em Trabalhias, nas Caldas da Rainha.
A agricultora tinha alfaces, grelos e couve-coração em treze estufas. “Só duas escaparam, mas não vou desistir. É disto que vivemos”, indicou.
“Acho que há seguros que cobram os prejuízos, só que são muito caros. Os outros cobram tão pouco e não compensa estar a pagar um seguro para receber cem euros”, lamentou.
“Não temos seguros agrícolas que contemplem a maior parte desses estragos, é um tema polémico que tem estado em discussão no Ministério da Agricultura”, sustentou o presidente da AIHO. António Gomes disse desconhecer se os prejuízos poderão ser compensados pelas ajudas do Estado, mas assegurou “os técnicos já se deslocaram aos locais de maior vulto e vamos enviar um levantamento ao Ministério”.
Feliz Alberto Jorge, secretário-geral da Associação de Agricultores do Oeste, é mais pessimista: “A associação está parada porque deixou de haver apoios e estávamos a trabalhar com algumas câmaras, que não pagam e ficaram a dever. Fartei-me de trabalhar de borla. Apresentámos vários projetos de desenvolvimento rural e nada, e deixou de haver possibilidade das associações darem apoio técnico aos agricultores. Esta história de ter de se voltar à agricultura, não passa do papel, porque não há candidaturas nem crédito”.
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