Editorial Clara Bernardino Talvez devido à crise, a consciência social das pessoas anda muito mais desperta. A prová-lo estão os “bancos alimentares” que vão nascendo espontaneamente, as “lojas sociais”, os projectos de inter-ajuda. Os valores da solidariedade e da partilha parecem estar a emergir do coração do colectivo, após um longo período de dormência. A solidariedade nasce do respeito incondicional por tudo o que nos rodeia; da necessidade de partilhar, percebendo que as diferenças só existem porque é mais fácil criar distâncias do que gerir dificuldades…
É sentir que é possível mudar o que está errado e que para isso basta acreditar, pois a alegria de dar é indiscutivelmente superior à de receber… Ser solidário não é ter pena do próximo, é tentar compreender e saber que, às vezes, basta apenas ouvir o outro, ou até mesmo acompanhá-lo por uns instantes, porque só o facto de lá estarmos é o bastante, principalmente no caso dos idosos que por vezes precisam de um pouco de companhia, uma visita de vez em quando, para não se sentirem tão sós ou esquecidos. Solidário é aquele que apesar de ter um dia atarefado, ou até se encontrar numa fase menos fácil da sua vida, disponibiliza um bocadinho do seu tempo, para falar com um amigo/familiar; tem paciência para ajudar o seu filho nos trabalhos de casa, entre tantos outros pequenos gestos que tanto significam. É dar com a mão direita sem que a esquerda saiba. Sem fazer alarido. Sem chamar a atenção. A todos aqueles que disponibilizam algum do seu tempo para levar por diante estes projectos e tentam dar resposta às necessidades de outros, o nosso reconhecimento e o nosso agradecimento. Todos temos a aprender convosco. A vossa capacidade de entrega e o amor incondicional em que envolvem a vossa dádiva faz-nos recordar a nossa condição humana. Se é daqueles que pensa que as dificuldades ou a solidão não lhe vão bater à porta, reflicta melhor. Faça alguma coisa por si próprio. Ajude os outros a ajudar.
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