Vitorino Valverde vai escrever um livro sobre a sua vida

Tânia Rocha Tem 89 anos de idade e muitas histórias para contar. Vitorino Valverde decidiu, recentemente, escrever um livro sobre a sua vivência, que conte também a história da vila que o viu nascer, a Nazaré, desde o ano em que chegou ao mundo, em 1920. Ainda não começou a escrever a obra da sua vida, mas o projecto já conta com o apoio da Câmara Municipal da Nazaré para ser publicado. Vitorino Valverde diz ser “um nato nazareno”. “Amo muito a minha terra e amo o povo da minha terra”. Estes são motivos mais que suficientes que levam este nazareno a querer escrever sobre a sua vivência, “já vivi muitos anos, já fiz e já vi muita coisa”. “Este livro é sobre toda a minha vida e vai ser um historial da Nazaré”.

Enquanto vai relatando todos os episódios marcantes da sua existência, vai contanto como foi a Nazaré no decorrer do tempo, tudo o que viu nascer e florescer, as mudanças a que assistiu, os grandes acontecimentos que marcaram e marcam a história e cultura da vila, enfim, muitas coisas que aconteceram ao longo dos seus 89 anos de existência. “Eu sou uma grande testemunha de isto tudo, porque tenho quase noventa anos”. Tenho passado coisas formidáveis”. Este nazareno tem uma atitude positiva perante a vida, diz ser “autodidacta” e confessa ser “abençoado por Deus”. O seu livro vai contar várias histórias da sua vida, o seu percurso pessoal e profissional, a sua passagem por Paris, e de certa forma também, a própria evolução da Nazaré, desde o tempo da fome, passando pela guerra, até aos dias de hoje. Tudo vai ser documentado com testemunhos, fotografias e diversos documentos. Vitorino Valverde ainda não decidiu qual o título que vai dar à sua obra, mas na capa quer todos os emblemas dos clubes de futebol onde jogou, e no centro, um par de nazarenos, vestidos a rigor, a dançar. Além de divulgar a sua história de vida e perpetuar factos importantes na memória colectiva da Nazaré, Vitorino Valverde diz querer “dar um exemplo positivo à juventude”. Estabeleceu-se como barbeiro na Nazaré, estudou cabeleireiro em Paris, foi jogador de futebol, participou nos Ranchos Folclóricos da Nazaré, foi fundador de dois conjuntos musicais, sabe tocar vários instrumentos, pinta sobre a Nazaré, é coleccionador de selos, criou e federou a secção de filatelia do Mar-Alto, entre muitas outras coisas que para si são muito importantes, e que deram também, um grande contributo ao desenvolvimento da Nazaré. Já foi homenageado, galardoado, reconhecido e vencedor de muitos prémios no país e por este mundo fora. Já fez várias exposições com os seus quadros, aprendeu a falar francês, inglês e espanhol. “Cada vez gosto mais de mim e da minha vida. Sou muito positivo e vitorioso”, confessa. São estes e muitos outros temas que Vitorino Valverde quer registar na obra, que vai congregar todos os acontecimentos importantes da sua vida. Vitorino Valverde vive o segundo casamento com uma mulher 40 anos mais nova e ainda mantém a sua actividade como cabeleireiro. Tem três filhos, uma filha do primeiro casamento e dois filhos do segundo, com respectivamente, 62, 27 e 19 anos de idade. Este nazareno foi ainda classificado o pai mais velho com o filho mais novo de Portugal. Por toda a sua experiência de vida, locais por onde passou, pessoas que contactou, saúde e vitalidade que sente, e simples e grandes gestos de que é alvo, fazem com que Vitorino diga: “sou um homem rico sem dinheiro”. “Sou um homem muito feliz”. No entanto, sente que “a Nazaré tem sido um pouco madrasta”, diz com alguma mágoa. O 90º aniversário deste nazareno vai ser celebrado no próximo dia 1 de Dezembro. Nesta futura obra vão estar representados noventa anos de vida, evolução e desenvolvimento da Nazaré, relatados por um testemunho vivo, por um “nato nazareno”.