Eu pescador me confesso Armando Lopes – Colunista Por mais que tente ainda não consegui entender por que razão os emigrantes falam francês em Portugal. Ou, melhor dizendo, “emigrês” que é uma língua híbrida em que eles misturam uma espécie de francês com palavrões portugueses. Mas a verdade é que falam. Falam e ensinam esse dialecto aos seus filhos, aos seus netos, com o qual dialogam entre si no regresso ao solo materno. Talvez como forma de mostrarem aos seus compatriotas que são pessoas evoluídas e com estudos. Seguramente, a única justificação que me ocorre para esta manifestação de bimbalhice, é a pretensão saloia de tentarem passar por aquilo que não são. Falando francês, em Portugal, pensam eles que podem cortar as raízes de uma boçalidade que não perderam. Porque não fizeram qualquer tentativa válida para isso. Mas o seu exibicionismo tolo só confirma que, a presença nos países de acolhimento, o contacto com novas gentes e novas culturas, nada mais lhes deu para além de algum poder económico. Revestindo-os apenas com uma fina camada de verniz e polimento que estala e turva às primeiras exposições solares.
Para onde será que foi aquela réstia de orgulho nacional, tantas vezes exibido no estrangeiro? O que restou do seu apregoado patriotismo, se trocam a sua língua por outra na primeira oportunidade? Não, não posso compreender e muito menos aceitar que se vendam por um prato de lentilhas. Não me conformo com esta perda de identidade nacional, numa manifestação cretina de exibicionismo saloio. Vêm para Portugal um mês em cada ano. Trazem bons carros e adereços, para mostrarem aos seus conterrâneos como lhes corre bem a vida lá fora. Com eles engrossam as filas nas estradas, contribuindo para o aumento brutal dos acidentes de viação. Patrocinam festas ruidosas com todos os artistas pimba que gravitam no país e que se reproduzem nesta altura. Invadem as praias, os pinhais e os parques de merendas, deixando atrás de si um rasto de cascas de fruta, latas e sacos de plástico. Pagam grandes almoçaradas à família em restaurantes que tresandam a gordura, cebola e alho. Participam em casamentos alarves, com os carros engalanados com tiras de tule nos puxadores e antenas. Regressam no fim das férias aos países de acolhimento, com os carros atulhados de batatas, chouriços e garrafões de vinho. A falarem “francês”, evidentemente… “C’est la vie!…”
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