Armazém das Artes recupera as memórias de um tempo e de uma vila perdidasDavid MarianoDecorreu na tarde do passado sábado, dia 11 de Abril, no Auditório do Armazém das Artes em Alcobaça, a inauguração da exposição “O Último Porto do Mediterrâneo – Mértola em Alcobaça”, que estará patente naquele espaço até 31 de Maio. A abertura do evento contou com uma palestra do Professor Cláudio Torres que falou sobre o Campo Arqueológico de Mértola – estando prometidas para os Sábados seguintes mais palestras levadas a cabo por especialistas na área e cujos nomes serão posteriormente divulgados.
Da Myrtillis da Antiguidade à Mirtula islâmica dos sécs. VIII a XIII, a exposição aposta em revelar, a partir das escavações do Campo Arqueológico de Mértola, os segredos de uma vila onde se falava grego, latim, hebraico, árabe ou romance, ponto de encontro de comerciantes, aventureiros, mercenários e religiosos vindos de vários sítios.Preparada a pensar na itinerância, esta exposição traz a público uma síntese de conhecimentos referente aos territórios de Beja e de Mértola entre os séculos V e XIII. Através de vinte painéis informativos bilingues (que incluem o português e o francês), vitrinas com materiais arqueológicos e um DVD com a reconstituição animada da Basílica do Rossio do Carmo (séc. V) e do Bairro Islâmico (séc. XII), a iniciativa procura cativar o visitante pela forma directa e precisa como coloca em relevo a história de Mértola.Realizada a partir da investigação de Santiago Macias, a qual se centra, sobretudo, na vila-museu, identificando os diferentes aspectos da topografia e da evolução do sítio ao longo de vários séculos, os painéis desta exposição testemunham, de forma necessariamente incompleta, o esforço de todos os que passaram por Mértola (desde o passado longínquo até épocas mais recentes) e que ajudaram a construir a sua História.Cortados os laços com o mundo mediterrânico, Mértola caiu no esquecimento e foi preciso esperar 750 anos para que o Campo Arqueológico de Mértola arrancasse à terra as memórias de um tempo perdido, que durante quase três décadas foi escavado, investigado, recuperado e mais tarde publicado e exposto (como agora acontece em Alcobaça).
0 Comentários