Os vencedores pela reabilitação do Hotel Palace do Capitão
Prémio Eugénio dos Santos David Mariano Foi uma cerimónia atravessada por várias épocas, mas é o futuro da arquitectura alcobacense que passa agora por aqui: o Prémio Eugénio dos Santos conheceu os seus primeiros vencedores no último dia 14 de Agosto durante as comemorações da Batalha de Aljubarrota, bem no centro daquela vila e bem no centro da Feira Medieval que ali decorria (e eram muitos os visitantes da Idade Média a seguir com atenção a sessão de entrega). Instituído pelo município de Alcobaça em 2005 e com carácter bianual, quase só houve vencedores (e dos oito concorrentes inscritos apenas dois ficaram de mãos a abanar).
Dividido por duas categorias, Categoria A (edifícios novos) e Categoria B (edifícios recuperados), o Prémio Eugénio dos Santos não discriminou ninguém, atribuindo igual valor pecuniário: 5000 Euros entregues ao arquitecto (no primeiro caso) e ao proprietário (no segundo), além de uma placa oficial a afixar no edifício distinguido. Nesta primeira edição, os vencedores na primeira categoria foram os projectistas Miguel Rocha & Associados, o construtor Manuel Mateus Frazão e o dono da obra Framape Lda., que apresentaram a concurso um Edifício Multifamiliar situado na Avenida dos Combatentes na cidade de Alcobaça. Já na segunda categoria, onde competiam somente dois candidatos, o prémio foi na condição de ex-aequo para Francisco Pólvora, Bernardo Pereira e José Pólvora, HCI Construções SA e Câmara Municipal de Alcobaça, pela reconstrução dos Cine-Teatro de Alcobaça, e para Sousa Lopes e Fortunato e Imóveis & ConstruçõesLda., pela reabilitação do Hotel Palace do Capitão em S. Martinho do Porto. Por último, ficaram guardadas mais três Menções Honrosas: Humberto Gonçalves, Rui Jorge Fernando Xavier e Pedro Manuel dos Santos Roldão, todos eles arquitectos. Nota ainda para o júri, composto por Gonçalves Sapinho (Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça), Carlos Bonifácio (Vice-Presidente da C.M.A.), Paulo Inácio (Presidente da Assembleia Municipal de Alcobaça), Carlos Ferro (Director de Departamento de Gestão e Planeamento Urbanístico da C.M.A.), Pedro Pacheco (Representante da Ordem dos Arquitectos), Vítor Vicente (Chefe de Divisão das Obras Particulares) e Pedro Tavares (Arqutecto). Criado com o objectivo de “premiar proprietários, promotores e arquitectos que assumam a genuína preocupação em desenvolver a qualidade de construção de raiz, bem comoa recuperação de edifícios”, o Prémio Eugénio dos Santos expressou assim o desejo da autarquia num urbanismo “mais atento e preocupado com as necessidades do concelho”, declarações de Carlos Bonifácio que presidiu à cerimónia. O autarca não tem dúvidas em salientar que esta foi “uma experiência positiva, com todas as condições para prosseguir em frente e a prometer edições de sucesso no futuro.” Por outras palavras, daqui a dois anos há mais. E quem foi Eugénio dos Santos? Não poderia ter havido lição de História mais esclarecedora e apaixonada: Luís Rosa, historiador e escritor natural de Aljubarrota, traçou o percurso e a obra do conterrâneo arquitecto Eugénio dos Santos (1711-1760) logo após a entrega do Prémio criado em seu nome. Para Luís Rosa, dizer que esta figura deixou marca na história da arquitectura nacional não chega, ele foi, e são palavras suas, “um dos expoentes máximos da arquitectura mundial”. Ao mundo pertence, portanto, a Lisboa que desenhou e recuperou após o terramoto de 1755, sob alçada e a convite do Marquês de Pombal, e em particular a Baixa Pombalina (a Praça do Comércio, o Arco da Rua Augusta e a Estátua de D. José, por exemplo, saíramda sua pena), embora não apenas: o Palácio da Relação no Porto também teve a sua assinatura. “Era uma dívida que nós tínhamos em relação a esta figura”, sublinhou Luís Rosa perante o busto descerrado de Eugénio dos Santos, erguido num jardim público em frente ao largo da Igreja de Prazeres em Aljubarrota, vila onde nasceu e onde agora é possível ser vista a estátua em sua homenagem criada por António Vidigal. É certo que nunca saberemos o que pensaria hoje o notável projectista do quadro arquitectónico da sua Aljubarrota actual, mas ficámos a saber o recado que o Presidente da Junta de Freguesia de Prazeres deixou aos representantes da Câmara Municipal de Alcobaça: “Aljubarrota precisa urgentemente dos seus espaços requalificados.”
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