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EU PESCADOR ME CONFESSO Armando Lopes Colunista O funcionamento das Juntas Médicas tem estado, ultimamente, na ordem do dia. Sobretudo pelo conhecimento, através da comunicação social, de alguns casos chocantes. Que, no entanto, apesar do seu dramatismo, foram empolados e distorcidos de forma a produzirem um maior impacto na opinião pública. Sem tirar responsabilidades a […]

EU PESCADOR ME CONFESSO Armando Lopes Colunista O funcionamento das Juntas Médicas tem estado, ultimamente, na ordem do dia. Sobretudo pelo conhecimento, através da comunicação social, de alguns casos chocantes. Que, no entanto, apesar do seu dramatismo, foram empolados e distorcidos de forma a produzirem um maior impacto na opinião pública. Sem tirar responsabilidades a ninguém nem justificar coisa nenhuma, quer-me parecer que estes casos são a consequência natural de uma actuação deturpada, desregrada e irresponsável dos principais intervenientes no processo. Principalmente no que respeita à leviandade com que, ao longo dos anos, têm sido passados e utilizados alguns atestados médicos.

Todos nós temos conhecimento, pessoal ou não, de casos escandalosos de utilização abusiva dos atestados médicos. Alguns destes têm servido para justificar as espécies mais bizarras de absentismo. Pode-se até dizer que têm justificado quase tudo, até os problemas de saúde. E esta falta de rigor com que alguns profissionais os utilizam, levou a que fossem perdendo credibilidade e seriedade. Já vimos atestados médicos a justificarem faltas colectivas a exames; a justificarem ausências ao trabalho para tratar de assuntos diversos ou fazer viagens ou participar em festas e eventos; inclusive, a justificarem aposentações antecipadas. Portanto, quase se tornou natural e inevitável considerar os atestados médicos como uma espécie de álibi ou um estratagema habilidoso. O que fez com que se instalasse na maior parte das pessoas uma desconfiança latente e um clima de suspeição. Desconfiança e suspeição extensivas aos próprios médicos, que não acreditam nos seus colegas de profissão nem na autenticidade dos seus diagnósticos. Este estado de coisas já deveria ter obrigado à intervenção preventiva da Ordem dos Médicos. Porque, naturalmente, ela não pode continuar a pactuar com uma prática que desacredita os médicos, escondendo-se por detrás de um alheamento e uma impotência que ninguém entende. A Ordem dos Médicos tem o dever ético e moral de actuar, inclusivamente de forma punitiva, na salvaguarda da honra e do profissionalismo da classe. Se a tudo isto acrescentarmos o excesso de zelo dos representantes da C.G.A. e a propensão desta para prolongar, mesmo que artificialmente, a vida activa de alguns subscritores, chegamos a estes resultados. Injustiças, contradições, deturpações e atropelos aos mais elementares direitos dos cidadãos. Tudo em nome de uma sociedade mais justa e mais fraterna…

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