Há cerca de um ano, Portugal iniciou o seu processo de vacinação para a Covid-19, e com ele foi-nos também inoculada uma falsa esperança de controlo pandémico. Apesar da elevada adesão ao programa de vacinação, que culminou com quase 90% da população vacinada, verificou-se uma democratização do receio de viajar, à exceção dos meses de veraneio, perpetuando, assim, uma situação de grande fragilidade no setor. Uma das consequências mais evidentes desse fenómeno verifica-se na hotelaria, que tem vindo a perder trabalhadores e que, em parte, se deve aos sucessivos avanços e recuos no combate à pandemia, não permitindo a criação de estabilidade e planos a médio e longo prazo.
Espera-se que no presente ano se verifique a retoma do turismo internacional e um crescimento face ao ano de 2021, no entanto, isto só será possível se começarmos a olhar para a covid-19 de uma outra forma, como uma endemia. Nesse mesmo âmbito e a título de exemplo, a Espanha já pretende fazer essa transição e monitorizar a covid-19 como se de uma gripe comum se tratasse. Para o setor, é imprescindível que este passo seja dado, a curto prazo, uma vez que só assim poderá começar a funcionar em pleno e a voltar, gradualmente, aos valores que registava antes do início da pandemia. Em 2019, as receitas provenientes do turismo ascenderam aos 18,7 mil milhões de euros, segundo os dados disponibilizados pelo Turismo de Portugal.
A nível nacional, é necessário, realmente, incentivar a população a retornar aos seus hábitos anteriores, de viajar pelo país, por exemplo, no período do Carnaval ou da Páscoa, que se avizinham, porque nenhum setor resiste se trabalhar apenas, de forma razoável, por um curto período de três ou quatro meses. Não obstante, também importa salientar que a pandemia acelerou a transformação digital no setor e questões relativas à sustentabilidade e à pegada ecológica estão na ordem do dia, sendo que os próprios destinos e empresas turísticas terão que se adaptar a estas novas realidades num mercado altamente competitivo.
A aposta no turismo é e continuará a ser essencial na dimensão económica, social, cultural e no desenvolvimento do país.
0 Comentários