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Entrevista com Diamantino Gonçalo autor do livro “SOU UM POETA NESTA VIDA

JL

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Diamantino Vilar Gonçalo é Agente da Polícia de Segurança Pública. Há 31 anos que vive e exerce a sua atividade na Nazaré. Nasceu em 16 de maio de 1965 (56 anos), no lugar de Várzea de Calde, no concelho de Viseu, mas cedo saiu da sua terra natal, vivendo a sua meninice em Lisboa, e, em grande parte, em Castanheira de Pêra, no entanto nunca deixou de visitar a sua terra natal, onde tem familiares, mas também o encanto das paisagens, os lugares encantadores e a nostalgia das memorias que ali viveu.

A base da sua poesia assenta nos valores morais, na sua experiência de vida, nas suas dúvidas, nas suas certezas, os nos seus medos e ânsias. Em cada um dos poemas dá a conhecer os pensamentos que o habitam e são, no essencial, a sua realidade fruto de mais de meio século de vida.

“SOU UM POETA NESTA VIDA ” é o seu primeiro livro.

Região da Nazaré: como surgiu o seu gosto pela escrita?

Diamantino Gonçalo: Este gosto pela escrita iniciou-se já na escola primária e depois no secundário e aprimorou-se na licenciatura GRH que tirei em 2013.O meu tempo de escola foram vividos com a sofreguidão de um rapaz que encontrou algo que desejava não ter fim, desde a primária até ao último dia de aulas do então ciclo preparatório.

Ao contrário de outras pessoas que odiaram a escola, ou quase tudo o que envolvia a vida escolar, eu sentia-me como peixe na água. Sempre gostei de todas as disciplinas, aprendia de forma rápida, e já nos testes gostava de escrever duas ou três páginas, o que naquele tempo não era aceite pela maioria dos professores. Mais tarde (licenciatura) percebi que afinal escrever muito e bem em algumas matérias era sinonimo de conseguir boas notas.

Região da Nazaré: Quando começou a escrever poemas e porquê?

Diamantino Gonçalo: Desde sempre que me lembro que os escrevo. Recordo na juventude de quando namorava, já escrevia as cartas que enviava as “moças” textos com pequenos poemas, alguns sem sentido, mas próprios de um miúdo por vezes apaixonado, dizia aquilo que sentia o que lhe ia na alma em rima.

Mas, iniciei a escrita dos poemas, propriamente dita em noites de solidão nos anos 90, quando ingressei para a PSP.

Nas horas mais calmas do meu serviço policial por Lisboa, no meu pequeno caderno, escrevi dezenas de poemas e citações, ás vezes disparatadas e sem sentido. Mais tarde verifiquei que afinal esses pequenos momentos de escrita a esferográfica, faziam algum sentido. Assim com os anos fui buscar o que tinha guardado e aprimorei a rima e com ajuda das novas tenologias (computadores) tornaram essa tarefa de fazer “rimar”, mas simplificada, quando antes tinha que recorrer ao dicionário e enciclopédias em busca de palavras que fizessem sentido nas rimas das quadras, que escrevia.

Região da Nazaré: A ideia de publicar um livro aconteceu recentemente ou pelo contrário já tinha muitos anos?

Diamantino Gonçalo: Essa ideia embora adormecida á alguns anos, surgiu recentemente, numa situação marcante e triste para mim e para muita gente. Estávamos em 2017 quando surgiram os grades incêndios em Portugal onde faleceram centenas vítimas mortais, entre as resultantes do fogo de Pedrógão Grande (distrito de Leiria), que deflagrou em 17 de junho, faleceu um grande amigo e companheiro meu “Gonçalo Conceição “nascido em Castanheira de Pera mais conhecido por “Dr. ASSA”

Na época aquela aldeia na zona mais a Norte do Distrito de Leiria, vestiu-se de luto, multiplicando-se pequenas homenagens simbólicas de pesar ás famílias enlutadas. Numa dessas ocasiões foi feita uma exposição fotográfica na Casa do Tempo, onde participou um primo meu (Filipe Lopo) com uma foto de um incendio onde se via dois bombeiros a abraçarem-se e que choram de felicidade por se reencontrarem.

Existia a necessidade de ilustrar essa imagem com um poema, para mostrar esse sentimento daquele momento. Esse poema foi por mim escrito em 15 minutos. Com o título “Quero dar-te um Abraço” (Pag18). Foi sem dúvida a minha primeira aparição como autor, as palavras sentidas que escrevi para ele e para todas as pessoas que faleceram nesse ano fatídico expostas naquele quadro, explicaram os sentimentos mais profundos desse reencontro e o que sentimos com a ausência das pessoas que nos foram ou são queridas.

Região da Nazaré: “SOU UM POETA NESTA VIDA ” é o titulo do seu livro de estreia. Podemos depreender que os poemas retratam a sua vida?

Diamantino Gonçalo: Em SOU UM POETA NESTA VIDA, (1º Livro poemas) é sobretudo um apanhado de pequenas frases e momentos da minha vida. Foi a pesquisa de um trabalho (Livro) que já estou a escrever desde que vim para a Nazaré (32 anos). Esse trabalho tem como título “Sempre que Regresso” é a história da minha vida contada na terceira pessoa, portanto memórias do passado com narrativas do presente e futuro. Ali fui buscar as ideias e usando essas passagens na base da minha poesia. Depois faço uma inclusão dos meus valores morais, a experiência de vida nas diversas profissões, as dúvidas, as certezas e incertezas que me atormentam, onde exponho os também os meus medos e ânsias dos temas explanados em verso. Em cada um dos poemas vou dando a observar os pensamentos que me habitam e são, no essencial, a minha realidade é a realidade do meio século de vida e da minha passagem ainda que muito curta por ela.

Região da Nazaré: Quantos poemas tem escritos?

Diamantino Gonçalo: Neste livro são quase 90 poemas, ainda não os contei todos, mas devo ter guardados perto de 300, alguns ainda necessitam de serem estruturados, mas alguns foram utilizados, mas a grande parte (200) vão fazer parte dos meus próximos livros.

Região da Nazaré: Quantos escolheu para o livro e qual foi critério que aplicou para os selecionar?

Diamantino Gonçalo: A escolha, numa primeira fase foi minha. Mas com a revisão do livro por parte da pessoa que o “corrigiu” e a editora, foi decidido que seria apropriado colocar cerca de 100 poemas, para que a publicação do livro, não ficasse demasiadamente dispendioso. Dessa forma foram escolhidos os mais apropriados e alusivos ao tema da minha infância.

Região da Nazaré: Que importância tem a poesia e a escrita na sua vida?

Diamantino Gonçalo: A poesia e a escrita entraram na minha vida, por ter precisamente muitas lembranças do passado e presente. E ao escrever senti que existia alguma a lógica relatar essas situações para as outras pessoas. Quando dei a ler alguns dos meus escritos a familiares e amigos, senti que ao lerem, cada um com a sua interpretação, os meus poemas atenuaram a dor dos entes falecidos, inspiravam, motivavam e emocionavam, grande parte de quem os lia. Esse feedback demonstrou que estava no bom caminho, e que o projeto destes tinha pernas para andar. Além disso, expõe que a nossa vida também pode ser vivida e partilhada e não e só trabalhar para ganhar alguma independência financeira, ter família ou amigos. Vive-se neste tempo apressadamente, esquecemos coisas tão simples, como as recordações simples da nossa infância

Região da Nazaré: Até que ponto a sua terra natal Viseu, e a Nazaré local onde vive influenciam a sua escrita?

Diamantino Gonçalo: Foi sem dúvida na minha terra natal (Várzea-Calde-Viseu), que em pequeno sentado a fogueira, ouvia as histórias da minha avó paterna. Contava as histórias do pastor jovem que conquistara os montes ermos e como tinha vencido, sozinho, o tal rei do mundo. De entre os seus ouvintes, um dos mais jovens era eu, que por vezes também fora guerreiro imaginário, eu era um sonhador audaz, corajoso e destemido como o herói da história, que se chamava “Viriato”.

Na Nazaré quando iniciei a minha vida profissional, gostava de falar com os “Pescadores” e habitantes locais nas minhas horas de folga. Nessas conversas ouvi atentamente os seus relatos da sua vida sofrida no mar. Essas histórias ficaram para sempre na minha memória, completando e enriquecendo o que já tinha escrito e guardado.

Região da Nazaré: Que temas retrata?

Diamantino Gonçalo: Os meus sentimentos pelas pessoas são de forma vincados em ada um dos meus poemas, mas temas como a natureza, as paisagens, viagens, de tudo um pouco. Escolho um tema preparo algumas palavras depois exprimo o que me vai na alma.

Região da Nazaré: A escrita é um processo doloroso?

Diamantino Gonçalo: Por vezes quando escrevemos temas que nos tocam profundamente é sem dúvida angustiante. Nesse sistema de escrita precisamos muitas vezes de fantasiar e usar um método para cada poema para o escrever, procurar as palavras concretas para exprimir o sentimento não é fácil, mas depois as ideias aos poucos alinham-se na cabeça e sai a primeira quadra.

Região da Nazaré: Possui algum ritual para escrever?

Diamantino Gonçalo: Não. A palavra ou o tema surge espontaneamente. Depois posso fazer uma quadra ou duas e só acabar esse poema dias depois. Outros poemas preciso de dez a quinze minutos para os iniciar e finalizar. Os mais demorados são o que as pessoas me pedem para fazer, em que o tema é escolhido por eles. Nesse caso faço uma pequena investigação de assuntos relacionados com a pessoa ou lugar, elaborado assim o que foi solicitado e só publico depois da sua autorização.

Região da Nazaré: Quais são as suas referências literárias?

Diamantino Gonçalo: Leio quase tudo, tenho alguns livros na estante, mas inicialmente os chamados livros de quadradinhos, foram o suporte da minha leitura. Houve sem dúvida um autor (Carlos Paião) de canções que me marcou a juventude e dele retirei o gosto pelos versos, e tal como ele dizia e bem “Eu não sou poeta”, refletia a minha posição enquanto escritor. Mais tarde e por insistência da minha filha, (ela devora livros) comecei a ler livros de ficção, aventura e romance, nos quais esteve incluído “O Sétimo Selo”, o quinto romance de José Rodrigues dos Santos. Não sei explicar, mas acordei para a vida. Aquela leitura foi o abrir imediato da minha mente adormecida, e procurei nas prateleiras das estantes os livros que tinha guardados e por incrível possa parecer comecei a ler livros desenfreadamente. Foi de tal forma tão impressionante que iniciei o processo de RVCC, para adultos para acabar o 12º ano e mais tarde decidi iniciar uma Licenciatura (ISDOM) a qual finalizei com grande orgulho.

Região da Nazaré: Já apresentou o livro na sua terra natal, como decorreu essa experiência?

Diamantino Gonçalo: Foi algo grandioso, um misto de emoções. Recordo que nessa noite quase não dormi de tanta excitação. Não era para menos ia encontrar pessoas e familiares, que já não via á alguns anos. A data (15 de agosto) foi escolhida propositadamente para a apresentação do livro por ser feriado oficial daquela localidade. A presença dos meus familiares mais diretos foi de fato gratificante Não posso deixar de aqui agradecer publicamente a presença de todos principalmente a ajuda fundamental dos responsáveis pelo Museu do Linho e todo o apoio e carinho dos mais chegados.

Parte da venda do livro foi doado à IPSS Cercicaper de Castanheira de Pêra

Região da Nazaré: Quando será apresentado publicamente na Nazaré?

Diamantino Gonçalo: Ainda não tenho uma data definida, vai depender muito dos apoios, da editora e de outras circunstâncias que rodeiam todo o processo. Mas podemos dizer que estará pronto por altura da páscoa (abril 2022).

Região da Nazaré: Há algum livro que esteja a escrever no momento?

Diamantino Gonçalo: Além do 2º livro de poemas que está praticamente finalizado, que vou dedicar á Nazaré, com um título sugestivo a essa menção, “Sou um Poeta nesta vila da Nazaré”, já estou a elaborar o 3º livro também de poemas, que vai ser dedicado a vila de Castanheira de Pera, local onde residi grande parte minha vida (21 anos). Em estado de composição encontram-se dois trabalhos, um já foi mencionado é um livro de escrita das minhas memórias escritas na terceira pessoa, com o título “Sempre que regresso”. O outro está em fase embrionária tem como título “Onde estás tu Viriato”, um tema bastante complicado e complexo pois retrata a vida desse pastor, que foi grande herói da minha vida.

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