Rodrigo Koxa elogia a Nazaré, uma vila que está “bombando o ano inteiro”

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Rodrigo Koxa vai pedir a nacionalidade portuguesa. O brasileiro que detém o atual recorde por ter surfado a maior onda de sempre tem sangue português, do lado do avô.

“Este lugar para mim é muito especial, mudou a minha vida, e eu, inclusive, descobri há pouco tempo as minhas origens reais portuguesas, porque eu sempre soube que o meu avô era português”, relata à Lusa o surfista de ondas grandes.

Koxa adianta que a ideia de pedir a nacionalidade portuguesa partiu dos seus familiares mais próximos (a mulher, a mãe e o pai) e que ele concordou imediatamente, até por causa da relação forte que desenvolveu com a Praia do Norte, na Nazaré, onde passa todos os invernos há já seis anos, na caça das ondas gigantes.

Com a ajuda do pai, que “batalhou” para encontrar a certidão de nascimento do avô de Rodrigo Koxa, Aurélio do Espírito Santo, o surfista brasileiro descobriu que o seu avô nasceu em 1904, em Penedono, vila no distrito de Viseu.

“Não sei onde é esse lugar, mas já entrei em contacto com o presidente da Câmara de Penedono. Em breve irei conhecer Penedono, que dizem que é um lugar histórico, cheio de castelos e de ruínas, e vou conhecer as minhas reais origens portuguesas. O meu avô saiu jovem [de Portugal], foi para o Guarujá [litoral de São Paulo], e eu fiz a minha vida lá, mas eu também sou ‘tuga'”, destaca, divertido, Rodrigo Koxa.

Na verdade, o nome do campeão das ondas grandes é Rodrigo Augusto do Espírito Santo (mantém o apelido do avô) e Koxa é a alcunha que recebeu ainda em criança dos seus amigos, quando o viam a jogar futevólei na praia, depois do surf, só de ‘sunga’ e com o corpo cheio de areia, e lhes vinha à cabeça a célebre coxinha de galinha, salgado muito apreciado no Brasil e também em Portugal.

“Eles me chamavam de Koxinha. Aí, quando fiz dezoito anos, houve um ‘upgrade’ e passei a ser o Koxa”, revela, entre gargalhadas.

O ‘big rider’ revela que Walter Chicharro, presidente da Câmara Municipal da Nazaré, também já falou com o homólogo de Penedono e que houve uma ótima recetividade do autarca viseense para receber o surfista brasileiro, detentor do certificado do Guinness World Records, na terra dos seus antepassados, que já conquistou o coração de Koxa.

“Eu já viajei pelo mundo inteiro, já morei no Havai, já morei no Taiti, já fui para o México, para a Indonésia, e quando eu estou em Portugal, aqui, transcende toda a expectativa de um turista, de uma pessoa que quer ser bem-recebida”, vinca Koxa, apontando para a arte de bem receber dos portugueses e, em particular, dos nazarenos.

“Eles reconhecem que os surfistas mudaram a economia local. Hoje, a Nazaré não é somente uma vila de verão. É uma vila que está ‘bombando’ o ano inteiro. É incrível como uma vila de pescadores, através de uma onda gigante, mudou toda a economia e atrai turistas de todo o mundo”, sublinha, considerando que está a ser desenvolvido um trabalho “muito bem feito” da autarquia da Nazaré e do Turismo de Portugal.

Exemplo disso é o painel eletrónico de 30 metros com publicidade ao turismo de Portugal que foi ativado em meados de junho em Nova Iorque, em Times Square, num evento que contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, da secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, e dos recordistas de surf Garrett McNamara e Rodrigo Koxa.

Questionado sobre as diferenças que encontrou na Nazaré face ao Guarujá, no litoral paulista, onde viveu a maior parte da sua vida, apesar de ter nascido em Jundiaí, no interior do Estado de São Paulo, Koxa destacou desde logo a temperatura da água.

“No Brasil a água é quente, gostosa, a gente surfa de bermudas [calções de banho], essa parte é uma delícia. E a gente vem para cá e encontra a água gelada, um paredão de pedras, um ambiente inóspito, perigoso, de muito respeito”, assinalou, apontando ainda para a “energia muito forte” que se sente no Forte de São Miguel Arcanjo, localizado mesmo em frente ao pico da Praia do Norte, que produz as maiores ondas do mundo.

E acrescentou: “Mesmo num dia sem ondas, quando venho passear, sempre que chego aqui, ao farol, a minha respiração muda, eu sinto o lugar. Então quando você entra no mar, num dia gigante, não adianta dizer que você é experiente, que vem para cá há seis anos seguidos, impõe sempre respeito”.

Koxa, que se tornou num dos surfistas mais conhecidos do mundo, deixa elogios para a coragem e determinação da também brasileira Maya Gabeira (detentora do recorde feminino para a maior onda surfada), e considera o compatriota Gabriel Medina o surfista de ondas ‘normais’ mais completo do mundo. Por isso, aposta nele como o próximo campeão mundial, cujo título se decidirá em dezembro, no Havai.

Mas também é fã de futebol – confessa que em criança sonhava tornar-se profissional – e, se no Brasil ‘torce’ pelo Corinthians, em Portugal puxa pelo Benfica.

Já no que toca à gastronomia, o surfista admite que quando está na terra natal adora uma boa feijoada à brasileira, mas quando está em Portugal não resiste, sobretudo, ao bacalhau e ao polvo, adora tudo o que é peixe. Ou não fosse um homem do mar.

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