O projeto dos australianos em Aljubarrota contempla uma sondagem de um poço vertical até aos 3200 metros, e um desvio na horizontal aos 1200 metros de profundidade, com um alcance de 300 a 700 metros de extensão.
Os impactos mais significativos apontados pelo documento, citado pelo Jornal Público, prendem-se com o facto de o local escolhido para a prospeção de gás natural se integrar num território de “elevada sensibilidade arqueológica e espeleo-arqueológica”.
O EIA refere que “as fontes documentais dão nota da existência de vestígios de ocupação humana desde períodos bastante remotos a céu aberto e em gruta”.
Os projetos serão implantados na Rua dos Prazeres, na freguesia de Aljubarrota, e no cruzamento da Rua do Loural com a Rua de Bouça de Lá, na localidade de Bajouca, Leiria. Em ambas as explorações, os terrenos para onde está prevista a pesquisa de gás não estão integrados no Sistema Nacional de Áreas Classificadas, nem na Reserva Agrícola Nacional ou Reserva Ecológica Nacional.
No caso da exploração de Aljubarrota, o estudo refere o facto de estar próxima a locais com “imóveis classificados e em vias de classificação ou outros monumentos, sítios e áreas protegidas por lei, como o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, Sítio Classificado Monte de São Bartolomeu e Reserva Natural Paul de Tornada” pode “condicionar a configuração ou a execução do projecto”.
O Presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio, esclarece que ainda não tem conhecimento oficial da avaliação do estudo de impacte, mas garante que irá fazer “uma análise rigorosa ao EIA”.
“A verificarem-se reservas por parte do estudo, irei tomar posição, nomeadamente através da apresentação da apresentação de uma proposta ao executivo com o objetivo de salvaguardar os interesses ambientais do concelho e de nos opormos à exploração”.
O autarca garante Alcobaça exigirá rigor depois de fazer a sua análise ao estudo sobre os impactos esperados com a pesquisa de gás e a oposição à prospeção será uma das atitudes decisoras da Autarquia.
“Vamos ser muito criteriosos os havendo reservas, por mínimas que sejam, o Município irá opor-se a essa prospeção”, garante.
De acordo com o estudo, que também avalia os potenciais impactes do na paisagem, aponta-se a potencial degradação visual” típica de um estaleiro de obra — tapumes, viaturas a entrar e a sair, assim como emissões de poluentes atmosféricos tipicamente associados à combustão de combustíveis fósseis provenientes de geradores e veículos que operarão na zona de estaleiro.
Em relação aos recursos de águas subterrâneas, o projecto prevê “a realização de um furo de água para abastecimento e utilização na operação de sondagem”, caso não esteja disponível ligação à rede de abastecimento local.
Esta foi, de resto, uma das preocupações apontadas por autarcas e ambientalistas, num encontro com a imprensa, realizado no passado dia 31, que contou com a presença de representantes da empresa australiana.
O Presidente da Câmara de Porto de Mós recordou que “cerca de 90% da população é abastecida a partir de captações subterrâneas de água e essas captações não são muito distantes da sondagem que será feita em Aljubarrota”.
Se se descobrir gás natural, proceder-se-á ao teste do poço. Como explica o estudo de impacte ambiental, o teste tem como objectivo “caracterizar o recurso em termos de qualidade e quantidade”, sendo que terá depois de ser feita “uma série de análises físicas e químicas, que podem ser de curta ou de longa duração”.
Os dois estudos estão em consulta pública até 27 de novembro no portal participa.
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