Carlos Hipólito tem 79 anos e é proprietário de uma antiga drogaria na Nazaré, transformada em papelaria. Na época futebolística de 1968/69 era dirigente dos Nazarenos, clube que jogava na 3ª divisão. Numa partida com o Casa Pia, os ânimos exaltaram-se com a marcação de uma grande penalidade e o massagista da equipa da Nazaré agrediu o árbitro pelas costas. O juiz acabou por identificar como sendo o médico o autor da agressão e a Federação Portuguesa de Futebol estava disposta a irradiar o clínico, não fosse a contestação de Carlos Hipólito e a correção do verdadeiro agressor.
Para evitar que fossem cometidas mais injustiças do género, teve a ideia de criar braçadeiras de várias cores, para que os elementos da equipa técnica que se sentavam no banco de suplentes fossem facilmente distinguidos.
“Comecei a pensar como é que se podiam acabar com aquelas confusões. O que me surgiu foi que os que estavam no banco – médico, massagista, delegado – tivessem uma braçadeira, como já havia para o capitão da equipa, cada qual com cores e letras diferentes”
A ideia foi sugerida numa carta enviada ao diretor do jornal Record, na altura Artur Agostinho, que escreveu em editorial achar uma boa medida a ser implementada e estendida também ao treinador.
Meses depois, a Federação Portuguesa de Futebol apresentava braçadeiras de várias cores e letras a identificar o treinador, o médico, o massagista e o delegado ao jogo.
Quando Carlos Hipólito vê hoje estas braçadeiras sente-se “orgulhoso”, porque “está ali um bocado meu”. Se tivesse registado a patente, agora seria milionário. “Nem que fosse um cêntimo por cada braçadeira, hoje estaria rico, mas isso também não era o meu pensamento”, comentou. A intenção era que o árbitro facilmente pudesse identificar outros intervenientes no campo que não fossem os jogadores.
Hoje, a ideia de há cinquenta anos, é um adereço que se pode ver em qualquer partida de futebol.
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