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Manuel Castelhano sai da presidência da Cooperativa Agrícola de Alcobaça

Paulo Alexandre

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Manuel Castelhano despediu-se da presidência da Cooperativa Agrícola de Alcobaça ao fim de 12 anos de liderança.

As dificuldades de gestão de uma entidade que se encontrava falida e com processos em tribunal e a decisão de permanecer na presidência por um período alargado foram alguns dos destaques na mensagem que dirigiu aos associados no dia da despedida do lugar.

“Os três primeiros anos como Presidente do Conselho Fiscal propus um conjunto de medidas de saneamento que se destinaram a preparar a Cooperativa para uma caminhada de recuperação”, disse na mensagem de despedida.

Sobre as alterações no perfil da Direção que efetuou nos últimos anos, Manuel Castelhano justificou-se, afirmando que “a direção de uma casa destas já não se compadece com homens bons, mas sem qualquer cultura de gestão”.

“Convidei um conjunto de pessoas ao melhor nível para integrar a direção da CAA. Nunca a CAA na sua história terá tido uma direção tão qualificada, tão competente, tão conhecedora da sua área de intervenção. E daí não me ter sentido à vontade para pedir a um desses novos elementos que assumisse desde logo a presidência”.

Também os investimentos assumidos inviabilizaram uma passagem de testemunho mais cedo.

“A CAA tinha bastantes dividas e eu nunca fui de deixar dívidas para os outros pagarem. Foi um período de trabalho duro, exigente, de algum risco e sempre muito determinado com uma estratégia clara e objetivos muito bem definidos”, disse, recordando “as dívidas, processos em tribunal, instalações degradadas, monos e coisas velhas por todo o lado, montanhas de arquivos mortos desde o início da Cooperativa eram, salvo erro, cerca de trezentos palotes de fruta cheio de documentação velha”.

O processo de negociações para a manutenção das instalações foi também recordado. “A Cooperativa é um património dos agricultores e que foi vendido à Câmara (por pouco mais de 200 000 contos, apesar de avaliado, à época, em mais de dois milhões de contos) por causa de um deslize grave de gestão, mas que, com toda a legitimidade, está nas nossas mãos”.

A direção de Manuel Castelhano chegou a tentou negociar a compra do edifício da Cooperativa pelo mesmo preço, mas o então presidente, Gonçalves Sapinho, declinou.

“Conseguimos um arrendamento a longo prazo e com uma renda simbólica assumindo as obras de beneficiação. Foi uma grande conquista e um excelente negócio. Tínhamos criado as bases necessárias a lançar um projeto sustentado de recuperação da CAA”.

Para além deste passo, a direção conseguiu arrendar a loja das bombas e os três pavilhões, onde estão instalados os adubos, os fitofármacos e um armazém de retaguarda, e alargar o espaço ocupado com a cedência do pavilhão das oficinas, onde foi instalado um auditório, o Centro de Formação, um espaço de armazém e a sala da debulhadora”, onde se promovem, com regularidade, jantares/conferência, lançamentos de livros, atividades de promoção do produto agrícola de Alcobaça.

O investimento efetuado durante 9 anos em melhorias ronda um milhão e meio de euros, e têm produzido resultados a diversos níveis, nomeadamente na reputação da cooperativa, dos seus associados e no crescimento.

“A CAA é reconhecida a todos os níveis, desde o movimento cooperativo até às universidades como exemplo de Cooperativismo sério, esclarecido, com verdadeira utilidade social. Deixamos, assim, uma casa com prestígio, sem dívidas, com um capital de conhecimentos e de relacionamentos excelente e com uma estrutura de gestão consolidada e uma equipa de colaboradores excelente”.

Para além da gestão dos recursos humanos, a gestão de Manuel Castelhano deixou projetos em cima da mesa, com parceiros de peso, como a Universidade de Coimbra, o COTHN; e outros.

“O projeto de Estudo e Experimentação Certificação de Maquinaria Agrícola seria para o Concelho a cereja em cima do bolo”, mas a falta de resposta da Câmara Municipal estará a colocar em risco a concretização do projeto, que poderá estar “em vias de escorregar para outro concelho do Oeste caso não haja resposta da nossa parte. E se isso acontecer é uma pena e uma perda e alguns estão de braços abertos á espera da oportunidade perdida de Alcobaça”, diz Manuel Castelhano.

Antes de sair, o ex-presidente da Cooperativa voltou a alertar para velhas questões, como as da água para a agricultura. “Sem água não há agricultura, não há qualidade, não há produtividade”, manifestando a esperança que o recém-criado pelouro de Desenvolvimento Rural na Câmara “signifique uma viragem na postura em relação à agricultura”.

Sobre a nova Presidente, Maria do Carmo, Manuel Castelhano apresentou-a como pessoa muito “competente no setor, com uma visão nacional dos problemas da agricultura e muita experiência de gestão e tem com ela uma equipa muito capaz”.

“A CAA tem um potencial enorme de apoio a agricultura e aos agricultores, um potencial enorme de criação de mais utilidade social, um potencial enorme de continuar a afirmar-se no movimento Cooperativo e no país como exemplo, integrando o quadro de honra dos instituídos e dos produtos que Alcobaça tem de melhor. Não é por acaso que foi a primeira Cooperativa agrícola do país a maior e a mais prestigiada”.

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