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Praias de Alcobaça atraem “turismo da desgraça” que quer ver costa tingida de negro

Paulo Alexandre

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Extintas as chamas que tingiram de negro parte de costa de Alcobaça, o “turismo da desgraça” tem agora uma nova rota com dezenas de pessoas a percorrem os quilómetros que separam as praias da Légua e Paredes da Vitória.

É só carros para baixo e para cima, toda a gente quer ver esta desgraça”, diz Álvaro Vaz, de 68 anos, que já contou “a dezenas de pessoas o inferno que ali se viveu”.

“Ali” é a Praia da Légua, onde às 13:30 de do passado dia 15, deflagrou um incêndio que a tingiu de negro, juntamente com a de Vale Furado e a de Paredes da Vitória.

“Era um mar de chamas, não sabíamos para onde nos virar”, repete vezes sem conta aos “turistas” que não param de chegar ao largo da aldeia.

E encaminha-os: “vá ali ao café do Ti Abílio, que ele assistiu a tudo”. Só que neste dia o café está fechado e os curiosos em busca de relatos da tragédia seguem a rota do fogo na direção ao miradouro da praia de Vale Furado.

Isolina Angélico, aponta para a casa de férias que tem há mais de 40 anos junto ao miradouro e desabafa: “pensei que ia arder tudo, era uma bola tão grande de fogo, e nós sem poder fazer nada no meio de tanta aflição”.

Na rota dos curiosos segue-se a Praia da Vitória, onde o fogo andou perto do parque de campismo.

Quando as chamas se aproximaram, José Caldeira e Maria da Graça, um casal de Abrantes, retiraram “as botijas de gás” que a proteção civil “levou na carrinha para não explodirem”, e foram “para a praia, esperar que passasse o pior”.

Ele ainda quis fugir dali, mas mulher alertou: “fazemo-nos à estrada e ainda pode ser pior”. Ficaram e passaram a noite em casa de amigos, na Marinha Grande. “Era outro inferno de fumo e colunas de fogo por todo o lado”, lembra José Caldeira.

No parque, onde as chamas não chegaram a queimar nada, é menor a afluência dos curiosos.

Mas, afinal, é ali que se encontra Abílio Cardeira, o dono do café “Ti Abílio” e concessionário do apoio de praia da Légua e do bar do parque de campismo.

José Vaz tinha razão: Abílio sabe de pio a pavio o que se passou no trágico domingo em que, numa distância de cinco quilómetros, arderam três praias, cerca de 3.000 hectares de floresta e, pelo menos, 10 casas.

No domingo, saiu ”a correr” do “Ti Abílio” uma equipa de sapadores florestais quando as primeiras chamas surgiram. Uma hora depois, Abílio deixou o restaurante e subiu a estrada em direção à aldeia rodeada de chamas “para ajudar a defender as casas”.

No largo deixou a carrinha, a única que lá ficou quando a GNR mandou retirar todos os carros” e que mais tarde contribuiria para se suspeitar que ele “era um dos desaparecidos”.

Mas não, horas mais tarde voltou ao “Ti Abílio”, que foi, entretanto, abandonado pela “mulher filhos, nora e funcionários” que saíram “com os pratos em cima das mesas por levantar” e se refugiaram na praia.

Eles e mais duas ou três dezenas de pessoas e “onze carros que foram levados para a areia para não arderem”, lembrou.

Com Abílio chegou também o fogo ao café, que chegou a “queimar as cadeiras” de plástico da esplanada e a tinta de um carro de um cliente que não o quis levar para a praia.

“Não quero falar mais disto, de desgraças já tenho a minha conta”, diz, lembrando, que março de 2008, da janela de casa, ouviu os gritos de socorro e viu morrer os tripulantes do pesqueiro “Luz do Sameiro”. Dez anos depois, não sabe o que foi pior.

Mas por mais que tente, não conseguirá fugir à conversa sobre o incêndio, já que se os turistas não descobrem o bar do parque, é lá que se concentram os populares que não falam noutra coisa.

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