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Porta de vidro no Mosteiro de Alcobaça gera discórdia entre a paróquia e a DGPC

Paulo Alexandre

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Uma porta de vidro no Mosteiro de Alcobaça gerou a discórdia entre a paróquia, que a instalou, e a Direção Geral do Património, que a mandou retirar, alegando não ter autorizado a obra no monumento Património da Humanidade.

A porta de vidro foi colocada na Capela do Senhor dos Passos, localizada no interior do Mosteiro de Alcobaça, pela Paróquia do Santíssimo Sacramento, em maio de 2016, mas sem a autorização da Direção Geral do Património Cultural (DGPC).

A Lei de Bases do Património Cultural obriga a que “os estudos e projetos para as obras de modificação em bens classificados sejam elaborados por técnicos de qualificação legalmente reconhecida” e que qualquer intervenção seja autorizada e acompanhada pela própria DGPC.

“A porta foi colocada durante a noite, sem conhecimento prévio das autoridades competentes”, o que levou a DGPC a notificar a paróquia para a retirar, disse à Lusa a DGPC.

O pároco Ricardo Cristóvão confirmou que a obra decorreu de noite “para não incomodar os fiéis e os visitantes” do Mosteiro, mas negou que a intervenção tenha sido feita sem autorização, assegurando que teve “o acordo verbal” da anterior direção do Mosteiro e que, entre 12 e 18 de março de 2015, foram trocados mails com “uma técnica superior (ex-diretora do monumento), solicitando [à paróquia] um orçamento a propósito desta adjudicação”.

“À Igreja não lhe foi pedido que esperasse por qualquer autorização, mas tão-somente que apresentasse uma ‘informação’ que contextualizasse a proposta de orçamento”, acrescentou Ricardo Cristóvão, esclarecendo que “após mudança de direção no Mosteiro, tal compromisso não foi honrado, tendo a Igreja, com os seus recursos, colocado a dita porta, uma vez recusadas todas as tentativas de diálogo por parte da DGPC”.

De acordo com o padre, houve “uma reunião com o diretor interino da DGPC e a diretora do Mosteiro a 06 de novembro de 2015, que foi inconclusiva, não tendo sido, a partir daí, concedida qualquer outra audiência” e não tendo a paróquia recebido “qualquer documento em que se proíba a colocação da referida porta ou negue a sua intenção, manifestada com mais de um ano de antecedência, senão depois da sua efetiva realização”.

A retirada da porta, por ordem da DGPC, no final do ano passado, deu origem a uma petição subscrita por mais de 500 pessoas, que exigem a sua recolocação para assegurar “o silêncio e recolhimento de quem ali se dirige para rezar”.

A polémica levou também os socialistas eleitos pelo círculo de Leiria a questionar o Ministério da Cultura sobre o que consideram ser “um excesso de zelo” da DGPC e “uma afronta “à paróquia, que põe em causa a relação entre o Estado e a Igreja.

“A proteção do serviço religioso tem sido praticada pelo Mosteiro e pela Igreja, através da interdição dos visitantes à Igreja, não só durante o horário de culto, mas também cerca de meia hora antes e meia hora depois, horários que são assegurados pelos vigilantes da DGPC e por colaboradores da Igreja”, esclarece a Direção.

Já por parte do padre, mantém-se a expectativa de que, em resposta à petição, a porta “seja recolocada” e a capela volte a estar aberta à comunidade para além dos períodos em que “há disponibilidade de voluntários da paróquia para garantir a segurança” do espaço, que voltou a ser fechado com a original porta de madeira.

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