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Associação Novo Sentido ajuda reinserção social de pessoas em dificuldades

Mariana Martinho

EXCLUSIVO

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Em direção a Alfeizerão, há um novo espaço que não passa despercebido. A funcionar desde junho do ano passado, nas instalações do antigo stand “Mil Milhas”, esta nova loja da Associação Novo Sentido, com mais espaço do que a loja da associação em Óbidos, acolhe pessoas em dificuldades, que restauram e reparam eletrodomésticos e peças de mobiliário para depois os vender. É desta forma que a associação de intervenção social e sem fins lucrativos encontra “meio sustentável” para sobreviver.

Criada há três anos, a Associação Novo Sentido surgiu através de um sonho que a empresária Isabel Luiz tinha de terminar a vida profissional com um projeto social. Começou por redirecionar o negócio que já tinha na área de móveis usados em Óbidos para transformar num espaço de reinserção social de pessoas em dificuldades ou em risco na sociedade por diversas razões.

Após três anos de trabalho a “ajudar os outros”, a direção decidiu abrir uma nova loja, com mais espaço, em Alfeizerão. “Começámos com a loja em Óbidos e acabámos por abrir esta por necessidade de fazer face às despesas que toda esta instituição acarreta”, explicou a responsável, adiantando que “tivemos a vantagem de aparecer este espaço, com um aluguer acessível para nós e ainda está situado numa zona de passagem”. Além disso, permite dar mais visibilidade ao trabalho feito pela associação.

Nas instalações do antigo stand “Mil Milhas”, a Novo Sentido tem a funcionar as oficinas, armazéns e lojas, onde os utentes do projeto restauram e reparam as peças de mobiliário e eletrodomésticos, que depois são vendidos na loja social da instituição. Sem qualquer tipo de financiamento, é através deste “meio sustentável” que sobrevive. “Vivemos do nosso trabalho e da venda dos móveis, mas sobretudo da generosidade das pessoas que é fulcral para nós”, frisou Isabel Luiz.

“Temos pessoas que entram em contato com associação para doarem móveis ou outras coisas que já não usam, que nós aqui restauramos e damos um novo sentido para vender”, explicou a empresária. Apesar de ainda “não ser um hábito muito implantado na região”, Isabel Luiz sublinhou que já existem muitas pessoas, principalmente a clientela estrangeira, a doar aquilo que para eles é “lixo”, mas “para nós faz a diferença”.

“Um euro aqui um euro ali, fazem cem euros, o que para nós permite acolher mais uma pessoa e dar melhores condições”, esclareceu a presidente da associação. Além do trabalho de restauro, os utentes da “casa” fazem “pequenos serviços”, desde a serralharia geral e artística, pequenas reparações domésticas, serviços de carpintaria, limpeza de espaços comerciais ou de fábricas e recolha de todo o tipo de bens de utilidade doméstica, para além de mudanças e transportes para todo o país.

O espaço social bem como as oficinas têm um papel importante na vida dos utentes, pois “procuramos incutir hábitos de trabalho que muitas vezes as pessoas já não têm” e, sobretudo, dar-lhes um contato novo com a sociedade, através de pequenos trabalhos que vão sendo chamados a realizar bem como a formação profissional que lhes é facultada, situação que as leva a serem de novo reconhecidas como pessoas válidas para a sociedade.

“Se a seguir as pessoas encontrarem um emprego e continuarem a sua vida sem nós, a associação fica extremamente contente”, comentou.

A direção apontou que existem muitos “projetos para o futuro”, como garantir a formação profissional para os utentes da instituição, tornando-os mais “autónomos e autossuficientes”, mas uma coisa de cada vez. “Neste momento a sobrevivência é a palavra-chave”. Como tal, a associação pretende primeiro fazer obras no novo espaço para poder acolher mais pessoas.

Neste momento, a associação acolhe dez pessoas, que “não tinham condições mínimas de vida, alguns até eram sem abrigo”, que são enviados pelas assistentes sociais ou contataram diretamente a instituição e que “hoje em dia, estão integradas na sociedade e têm o seu trabalho”. Como é o caso de Inácio Carvalho, que antes de conhecer a Novo Sentido vivia “sem condições”.

Hoje em dia, o homem, de 57 anos, é o coordenador da loja da instituição em Alfeizerão.

“Conheci a associação numa altura difícil da minha vida, em que fiquei sem trabalho e vivia numa habitação sem condições”, explicou, adiantando que atualmente “encontro-me bem aqui, pois tenho tudo aquilo que preciso para viver”. Como Inácio Carvalho há muitos outros casos de sucesso, que segundo a responsável, “hoje em dia estão perfeitamente integrados na sociedade, depois da passagem pela Novo Sentido”.

“Nós não pretendemos que as pessoas venham e fiquem aqui eternamente. O que pretendemos é que nos utilizem como meio para recuperar a sua vida”, sustentou.

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