Nas redes sociais, logo após a sua instalação na estrada que conduz ao Forte de S. Miguel Arcanjo (Sítio), choveram opiniões, umas contra e outras a favor da arte apresentada. Se uns consideram a imagem uma provocação, outros entendem a escultura (com corpo de homem e cabeça de animal) como uma forma de expressão artística, enquanto outros defendem que não deveria ter sido instalada naquele local.
A Associação de Defesa da Nazaré foi uma das entidades que manifestou a sua discordância face à instalação da estátua “Veado” junto à estrada de acesso ao Forte de São Miguel.
Em comunicado, embora esclareça que não discute a qualidade artística da estátua, sempre escreve que é “duvidosa a pretensa homenagem à lenda de D. Fuas ou aos surfistas”, a ADN apela à transparência e sugere à Câmara Municipal da Nazaré que divulgue “os procedimentos, os documentos e os custos inerentes a esta intervenção”.
“A segunda questão reside nas prioridades da Câmara e no discurso da “pesada herança”. Não há orçamento para a qualificação dos acessos ao Forte de São Miguel e há verbas disponíveis para gastar em “obras do regime”? O argumento da herança da dívida perde legitimidade com apostas desta natureza, de mero e desnecessário show-off””, escreve a ADN.
O parecer da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o enquadramento paisagístico da estátua são, também, questionados pela Associação, que considera a estátua como “um elemento dissonante na paisagem. Fica o fundado receio de que outras intervenções urbanísticas e imobiliárias venham a estragar o legado da Natureza”
A escultura, que oficialmente ainda não foi inaugurada pela Câmara Municipal, é uma obra de Adália Alberto, artística que expôs, recentemente, os seus trabalhos no Forte de S. Miguel Arcanjo. No final da mostra, a escultura ofereceu o seu trabalho artístico à autarquia, dando forma a esta escultura, hoje alvo das mais variadas opiniões.
Numa curta mensagem, colocada no Facebook do Município, lê-se que “a estátua Veado, com aproximadamente 6 metros de altura e 10 toneladas, é um trabalho oferecido pela escultora Adália Alberto ao Município da Nazaré. Esta obra faz a ligação entre o Milagre da Nazaré e a Onda da Praia do Norte”.
Adália Alberto possui obra representada em diversos Museus, Câmaras Municipais e Galerias de Arte e espalhada pelos cinco continentes, Adália Alberto assume que “ensaia/experimenta, não pretende ficar presa ou marcada com um estilo. As esculturas podem ser de cariz introspetivo, humorado e provocatório”.
A artista considera que a arte é a visão crítica e provocatória da sociedade em que vivemos, conjugadas numa harmonia estética capaz ou não de provocar emoções por vezes difíceis de explicar. É uma interrogação constante sobre o nosso papel enquanto cidadãos do mundo dito global e a tentativa de encontrar respostas as nossas inquietações.
A arte permite não ficarmos reféns duma mera visão. A arte interpela-nos, provoca-nos, confronta-nos com uma sociedade onde o ser humano é constantemente posto à prova, na tentativa permanente de buscar a felicidade, aquilo que realmente o preencha na integra.
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