A maior onda do Mundo “sempre lá esteve”, lembra Garrett McNamara, mas foi ele que a 01 de novembro de 2011 a mostrou ao mundo, surfando na Praia do Norte uma onda de cerca de 30 metros, feito difundido pelas cadeias CNN e BBC, tornando a Nazaré conhecida mundialmente.
A hospitalidade, não só dos nazarenos como dos portugueses em geral, a comida, o clima ameno e o “efeito dominó”, fizeram o resto, diz o surfista, que não esconde o “orgulho e a honra” de estar ligado ao fenómeno que “tornou a Nazaré o destino [de ondas grandes] número um da Europa” e que acredita poder transformar a vila no principal destino mundial deste tipo de turismo.
A notoriedade gerada pela onda leva mesmo o surfista a apelidá-la de “monstro de Loch Ness de Portugal”, numa alusão ao monstro mítico associado a um lago da Escócia, só que, neste caso, “real” e atraindo “toda a gente para o ver”.
Walter Chicharro, presidente da Câmara Municipal da Nazaré, reconhece na onda “um ativo” que nos últimos cinco anos trouxe não só reconhecimento mediático, atraindo surfistas de todo o mundo durante a temporada de ondas grandes, como “impactos económicos visíveis”.
A hotelaria alcança atualmente, no inverno, “uma faturação 50% acima do normal”, tal como a restauração, que regista uma subida entre os “20% e os 50% ”, atraindo uma clientela “que gasta mais dinheiro”, revelou o presidente da autarquia, cuja faturação de água e recolha de resíduos aumentou “também cerca de 30% ”.
O aumento dos turistas é igualmente visível no ascensor – de ligação entre a Nazaré e o Sítio – que, “em 2013, transportou cerca de 600 mil passageiros e, em 2015, chegou aos 840 mil”. Até setembro deste ano registou “805 mil passageiros”.
O farol [sede dos projetos ligados às ondas] registou, em 2015, “125 mil visitantes”, número que a Câmara não tem dúvidas de que será ultrapassado este ano, podendo atingir “os 200 mil pagantes”. A marca “Praia do Norte”, que comercializa produtos ligados ao marketing das ondas e do surf, atingiu vendas na ordem dos 30 mil euros e, estima Walter Chicharro, “ tem potencial para, a muito breve prazo, chegar aos 100 a 150 mil euros de vendas anuais”.
Este dinamismo económico é confirmado por comerciantes locais, como Isabel Maria, vendedora de frutos secos no Sítio da Nazaré, que reconhece “o boom” [de visitantes] que a onda e McNamara trouxeram.
O verão, “foi muito bom [para o negócio”, mas o outono, desde que abriu a temporada de ondas grandes, não lhe fica atrás, afirma Isabel Maria, satisfeita por o mês de outubro parecer “agosto”, com a Nazaré “cheia de estrangeiros”.
Para Rosário Pombinha, a Nazaré “subiu ao auge” e nem num dia em que as “ondas” puxaram mais público do que clientes deixa de demonstrar satisfação por estarem no lugar “14 motas de água e surfistas”, deixando o acesso à Praia do Norte sem lugar “para se estacionar”, tal o número de espetadores.
Nada que espante Maria Vítor, habituada a receber clientes vindos propositadamente para ver o que considera ser “um espetáculo da natureza, inacreditável e lindo”.
Enquanto no restaurante da família almoçam, a meio da tarde, jovens de Viseu, da margem Sul do Tejo e um siciliano, que atestam terem ido “ver a onda”, Maria Vítor recorda que, como proprietária de um alojamento local, já no dia anterior recebeu, “às duas da manhã, clientes de Sintra, com amigos da República Checa”.
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