A autorização para pesca da sardinha recomeçou no passado mês de março, depois de cinco meses de pausa forçada, devido à proibição de captura por esgotamento da quota, imposta a 20 de setembro de 2014, seguida de um período de defeso biológico.

As Organizações de pesca irão ficar com 97% da quota de pesca da sardinha.

Face às questões colocadas sobre o subsector da pesca da sardinha, João Paulo delgado da Mútua dos Pescadores prevê que os armadores, pescadores e demais dependentes deste tipo de pesca, nomeadamente a indústria conserveira, irão ter mais um ano extremamente complicado de aguentar e de gerir.

As quantidades disponíveis de captura para o corrente ano – 14 mil toneladas – foram divididas pelas várias organizações de produtores tendo em conta o seu histórico de capturas e, por sua vez, cada OP fez a sua divisão por embarcação conforme a sua dimensão.

Estes processos nem sempre são pacíficos e muitas vezes desequilibrados para além de fomentarem alguma desunião na classe pela disputa das quantidades pretendidas para cada zona ou OP, dado que a verdadeira questão de fundo prende-se com a reduzida quota nacional que, no nosso ponto de vista, é manifestamente insuficiente. Recorrendo mais uma vez à sabedoria popular – “ quando a manta é curta, fica sempre alguém com os pés de fora”

Dada a forma que as OP´s encontraram para gerir as capturas e tendo em conta os limites impostos, receamos que, rapidamente, a quota se esgote, obrigando os barcos e as tripulações a parar cedo demais e agora sem quaisquer apoios garantidos e muitos menos reclamados pelo estado Português à União Europeia.

As informações que nos chegam, por parte dos associados, nomeadamente do norte do País, e que neste início do ano direcionaram as suas capturas para o carapau e fundamentalmente para o Biqueirão, espécie altamente valorizada e por isso rentável para quem a captura, é que têm encontrado no mar bastante sardinha, e ainda que não a pudessem capturar, não deixaram de registar este facto e informar as organizações que representam o sector sobre esta realidade.

Para a Mútua dos Pescadores, este é um problema bastante grave que carece de resolução rápida e eficaz. Consideramos que nenhuma atividade económica consegue sobreviver estando parada praticamente seis meses, e para além dos custos económicos, preocupa-os todos os custos socias associados.

Esta questão nunca foi pacífica para o sindicato, dado que nunca nos forneceram dados científicos reais que consubstanciassem esta brusca paragem com base num hipotético desequilíbrio neste recurso específico.

Consideramos que todos os que dependem direta ou indiretamente da pesca da sardinha, não têm agora, como não tiveram no ano transato, os seus direitos devidamente garantidos. Os efeitos sistémicos deste problema são preocupantes para o futuro de milhares de pessoas e estruturas que têm neste subsector o seu sustento ou parte fundamental da vertente económica da sua atividade.

Para além dos mais afetados – os pescadores e armadores -, também as conserveiras, os comerciantes de pescado, a Mútua dos Pescadores ou a Docapesca vêem ameaçada a sua atividade, visto que não havendo transações desta importante espécie para toda a fileira, as receitas vão caindo, ameaçando estruturas fundamentais para o equilíbrio e futuro de todo o sector piscatório nacional.