Editorial

“Por amor da santa”

Clara Bernardino

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O verão está quase a despedir-se e, com ele, as festas populares em honra dos santos padroeiros de cada lugar, de cada concelho, de cada vila ou cidade.

Religiosas ou não, a maior parte das pessoas gosta de ir a estas festas de sabor popular. Encontram-se os amigos, os inimigos e os velhos conhecidos que já não vêem há muito. Este ano, em tempo de eleições, é o momento exato para os políticos polirem as suas aureolas e visitarem as festas, assistindo a missas e acompanhando procissões em que nunca, ou raramente, marcaram presença.

É, sem dúvida, um tempo de Fé e devoção. Cada um pede ao santinho ou santinha, em cuja honra se faz a festa, o melhor resultado nestas autárquicas. Durante a homília, nem que seja só por uma vez, as suas vozes confundem-se numa só voz em orações pronunciadas entre dentes, pois muitos deles não conhecem os rituais e, para não fazer má figura, vão mexendo os lábios de forma a parecer que percebem muito do que se está a passar. Ainda há aqueles que, por uma questão de princípio, não põem os pés na festa religiosa, mas não poderiam faltar à pagã. Sim, não poderiam deixar escapar um “banho de gente” e perder a oportunidade de pregar a sua própria palavra.

Um Político é sempre um homem de Fé. Mesmo que não acredite na existência de Deus, é, sem sombra de dúvida, um homem de Fé. E, afinal, o que é a fé senão a capacidade de acreditar? Pois ainda que não acredite em mais nada, o Político acredita sempre em si próprio, na sua palavra, na sua capacidade de seduzir a população com promessas. Sim, o Político faz muitas promessas. Acredita que só ele é capaz de reverter a situação penosa em que estão as contas públicas do Município, portanto, acredita em milagres. E a sua crença cega-o e leva-o a travar lutas com os seus opositores, lutas com os que estão a seu lado porque nem sempre estão de acordo com o que pensa ou diz, lutas consigo próprio.

Ainda que negue a existência de Deus, o Político pega no seu bordão de peregrino e palmilha as estradas do seu concelho, levando a “sua boa nova” e espalhando a sua palavra, no intuito de ganhar o “Reino” do seu concelho, da sua freguesia.

Tanto caminho andado, tanto terreno palmilhado… para nunca se tornarem “pagadores de promessas”…

“Por amor da santa”!

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