“Vamos ter a maior área regional do país, com cerca de cem municípios. Lisboa e Vale do Tejo tem 18, o Alentejo tem 56 e o Algarve 16. Porto e Norte têm 85. É importante do ponto de vista da criação de uma estrutura, de uma estratégia e de uma capacitação institucional que nós não tínhamos”, disse Pedro Machado, no início da conferência “Oeste: Mar e Investimento Turístico”, que teve lugar na passada sexta-feira no Hotel Praia, na Nazaré, numa organização da Associação Comercial, Industrial e de Serviços da Nazaré (ACISN), da Associação Industrial da Região Oeste e do jornal Região da Nazaré.
“Passamos a estruturar a oferta do Centro para os mercados numa outra escala, com um plano de marketing regional com sub-marcas como o Oeste, Fátima, Serra da Estrela, Coimbra ou Aveiro, que desta vez não ficam isoladas. Ficamos mais fortes administrativa e institucionalmente e podemo-nos posicionar em mercados estrangeiros”, salientou.
O responsável revelou que “o maior desafio que se coloca é como é que vamos trabalhar o primeiro eixo que considero fundamental – a coesão do território. Temos um território muito assimétrico – 100 municípios são muitos”.
No seu entender, o Oeste não sai lesado com a integração na TCP, saindo de Lisboa e Vale do Tejo. “Podia parecer contranatura, numa primeira leitura, uma vez que o Oeste tem de facto fluxos tradicionais maiores com a comunidade de Lisboa e Vale do Tejo, mas para que os empresários possam ter linhas e instrumentos de financiamento para potenciarem a sua atividade, é no Plano Operacional do Centro que estão disponíveis”, vincou.
“Respeitarei na íntegra o legado de António Carneiro (presidente do Turismo do Oeste). São mais de trinta anos de entrega a uma causa. Há um compromisso nos estatutos que prevêm a manutenção da marca Oeste no conjunto da oferta do Centro e uma delegação no Oeste. A definição da sede é da competência da assembleia geral. Julgo que tem todas as condições para continuar em Óbidos”, assegurou.
Pedro Machado assumiu o compromisso de lutar contra “a fragmentação do produto turístico e a desconformidade da promoção externa”.
Nesta missão, o mar “aparece na linha da frente” seja como “turismo náutico, sol e praia, turismo desportivo ou atividade complementar a outros produtos turísticos, como a gastronomia”.
“A região Centro tem produtos que a distinguem de outras regiões. Os turistas gostam de diferenciação e procuram complementaridades”, referiu.
Francisco Dias, professor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche (ESTM), é da mesma opinião. “Um destino turístico tem de ser multiproduto e tem de ter capacidade de atrair à noite com animação, atrair de dia seja com praia, seja com montanha ou natureza em geral”, descreveu.
O estabelecimento de ensino onde é docente tem como missão desenvolver cursos e formação nas áreas do turismo e ciências e tecnologias do mar, com desenvolvimento de muitas áreas de atividade e investigação. O professor, que coordena o GITUR (Grupo de Investigação em Turismo), apontou a existência de outro núcleo dedicado ao conhecimento – o GIRM (Grupo de Investigação de Recursos Marinhos).
“Há que aproveitar o conhecimento científico. É o que separa o amadorismo do profissionalismo, porque ainda temos algum amadorismo a gravitar na área do turismo. A região Centro vai passar a ter nove estabelecimentos de ensino superior e vai apostar na formação, na investigação e na qualificação”, disse Pedro Machado.
A formação dos técnicos das câmaras na área do turismo foi um dos aspetos focados pela assistência, que criticou a pouca sensibilidade das autarquias para apostar no setor.
Pedro Machado sustentou que “o melhor que as Câmaras podem fazer pelo turismo é qualificar, tratar bem e limpar o espaço público, tratar bem da molibdade, da acessibilidade e da sinalética, da paisagem rural, da paisagem urbana e do ordenamento”.
O presidente da TCP disse ainda que “somos a única região que não tem aeroporto e agora temos a obrigação de defender uma estrutura aeroportuária, porque a capacidade de influenciar o poder político que temos é muito maior se fossemos divididos em subregiões”.
Francisco Dias alertou que “o Oeste não existe na cabeça de 99% dos europeus”, dando exemplo de um congresso em que participou na República Checa, no qual para explicar onde era o Oeste “tive de dizer que era entre Fátima e Lisboa, porque assim já percebiam onde ficava”.
O evento foi moderado por António Salvador, presidente da Assembleia Geral da ACISN e vereador da Câmara Municipal da Nazaré, e pelo jornalista Francisco Gomes, do Jornal das Caldas e Região da Nazaré. A abertura e encerramento coube ao presidente da Direção da ACISN, José Joaquim.
A iniciativa contou com o apoio do Jornal das Caldas, Oeste Global, Makewise, Rádio Mais Oeste e Diário de Leiria.
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