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Apesar de Você(s), amanhã há-de ser outro dia

João Paulo Delgado

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(…) Hoje você é quem manda/ Falou, tá falado/ Não tem discussão/ A minha gente hoje anda/ falando de lado/ E olhando pro chão, (…)

Apoiando-me mais uma vez na sapiência do meu compositor predilecto – Chico Buarque de Hollanda – regresso a este espaço de intervenção na esperança de acordar dormências e agitar a apatia latente, relativamente ao estado penoso do que é hoje viver na cauda da cauda. A Nazaré está para Portugal, como Portugal está para a Europa, somos por estes dias a cauda da cauda da Europa. A aberração governativa, o símbolo da desesperança, onde viver se torna sinónimo de angústia. Hoje, assistimos a aglomerados de corpos que se arrastam sem sentido, estabelecimentos comerciais transparentes de vazios, outros, negros de fechados.

De que forma foi projectado o tão falado futuro – que é hoje o presente -, onde se enterraram mais de 50 milhões, onde? Num município com apenas 3 freguesias, numa governação de mais de 20 anos a ver o futuro passar-nos ao lado, sempre desencontrado, desajustado, eternamente “à espera do comboio, na paragem do autocarro” e ainda com a esperança que ele, o comboio, passe por ali…

Mas, (…) Apesar de você(s)/ Amanhã há de ser/ Outro dia/ Inda pago pra ver/ O jardim florescer/ qual você não queria (…)

Como se não fizessem já estragos suficientes, a estas e às futuras gerações, já se desdobram em contactos, em beijinhos, em sorrisos, em gravatas, em brilhantina, em sobretudos três dedos abaixo do joelho, de cor escura como manda o figurino. As cadeiras já dançam inquietas, também muitas cabeças já rolam, no relvado da cegueira de lá chegarem, enquanto a população agoniza pelas ruas, esmagada por estes seres pomposos, falseada, roubada, indecentemente, e com a maior cara de pau, aí estão eles de novo, reluzentes qual estrelas de Hollywood.

(…) Você vai se amargar/ Vendo o dia raiar/ Sem lhe pedir licença/ E eu vou morrer de rir/ Que esse dia há de vir/ Antes do que você pensa (…)

Mais de três décadas de governos ora laranjas, ora rosas, ora laranjas e rosas, ou ainda laranjas, rosas com azuis e amarelos todos misturados, conseguiram o incrível feito de rebentar um país, de o vender a retalho, de acabar com a produção nacional, desmantelaram a nossa indústria e agora falam em reindustrialização do País. Deram cabo da nossa frota e apregoam o regresso ao mar, relegaram a agricultura para um permanente pousio, agora estabelecem protocolos com entidades bancárias para financiar o PRODER e o PROMAR, defendem com unhas e dentes o Turismo e colocam a 23% o IVA para a restauração que é simplesmente onde se refletem os mais elevados índices de consumo por parte de quem nos procura. Só podem estar a gozar com a nossa cara!

E quando os partidos da esquerda, da verdadeira esquerda, profetizaram o cenário actual das coisas, há dezenas de anos atrás, eram apelidados de irresponsáveis, de entraves ao desenvolvimento… estranha esta noção de responsabilidade de quem nos tem governado!

Meus amigos, é tempo de desmascarar esta gente que assola o País, tanto a nível nacional como localmente, é tempo de dizer basta, é tempo de acreditar em quem nunca governou, em quem tem estado ao lado das lutas dos povos, dos anseio dos trabalhadores, lado a lado, diariamente, organizando as lutas, lutando por causas justas, é tempo de acreditar, em olhos que não mentem, em mãos que se estendem com sinceridade, em abraços apertados de solidariedade.

Este é o tempo de acreditar nos que lutam sempre e condenar os que nos têm conduzido até este abismo. E todos sabemos quem são!

(…) Quando chegar o momento/ Esse meu sofrimento/ Vou cobrar com juros, juro/ Todo esse amor reprimido/ Esse grito contido/ Este samba no escuro/ Você que inventou a tristeza/ Ora, tenha a fineza/ De desinventar/ Você vai pagar e é dobrado/ Cada lágrima rolada/ Nesse meu penar (…)

Texto escrito com excertos retirados do poema “Apesar de você” de Chico Buarque de Hollanda (1970)

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