Pairam, dentro da sua nave, sobre a zona de S. Bento. Mas têm a pretensão de comandar um país inteiro, do qual já não fazem a mínima ideia. Se é que algum dia fizeram.
As poeiras cósmicas perturbaram-lhes o espírito, toldaram-lhes a razão. Perderam o contacto com as pessoas e a realidade, e agora não sabem do que falam nem o que dizem. Vêem tudo através de gráficos projectados nos ecrãs dos computadores de bordo. O que lhes permitiu transformar as pessoas em números.
Diz-se que recebem ordens por satélite, directamente de Berlim ou de Bruxelas. E têm uma veneração obsessiva por uma senhora, rechonchuda e de faces rosadas, que fala uma língua esquisita que quase ninguém entende. Estou mesmo convencido que eles também não a entendem e, por essa razão, fazem tudo à sua maneira. Isto é, de forma trapalhona, incompetente e irresponsável.
Da nave espacial saem constantemente comunicados de conteúdo duvidoso e contraditório. Alguns provenientes de pessoas diferentes mas, outros, da mesma pessoa. Tanto dizem que isto está óptimo como dizem que está péssimo. Como diz o Chico Buarque: “uns dias chove, outros dias bate sol”. É tão grande o nível de contradição do seu discurso que eu até tenho medo de os ouvir anunciar os grandes êxitos da sua actuação. Porque sei que, logo de seguida, vêm mais medidas de austeridade para custear esses êxitos.
De facto, “a coisa aqui está preta”. Depois de todos os sacrifícios e todos os saques, depois de todo o dinheiro entrado nos cofres, depois de venderem os anéis e os dedos, chega-se à conclusão de que nada valeu a pena. A não ser para eles e a meia dúzia de extraterrestres que gravitam à volta da nave do poder. Para os correligionários, para a banca, para os corruptos, para os vigaristas, para os hipócritas, para os sabujos, para os lacaios e para toda essa corte de pulhas e vendidos que os justificam e alimentam…
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