Caminhou muito devagar essa Democracia. E, para que ela chegasse, muitos homens e mulheres foram detidos, massacrados e humilhados só por se terem feito ouvir, só por terem dito o que pensavam das excelências todas que governavam o país, que era mais seu do que deles. Foram perseguidos pela PIDE, foram atirados para o fundo de calabouços de fortes; outros houve que foram exilados, como se a Pátria-Mãe estivesse a renegar os seus filhos só porque eles tinham aprendido a pensar…
É relativamente nova, a nossa Democracia. Se de uma mulher se tratasse, diríamos que está em idade ativa. Tem muito para dar ao país. Mas está doente. Muito doente. Então se ela representa a vontade do povo e este tem a oportunidade de escolher quem há de governar, como podemos ter andado para trás no tempo ao ponto de manifestantes serem presos por mostrarem o seu descontentamento? Afinal, pensar e dizer em voz alta o que se pensa voltou a ser crime?
O que podemos pensar dessas forças policiais formadas por portugueses que tal como nós têm pais, filhos, problemas e dívidas e que arrastam outros portugueses como se fossem criminosos para trás das grades?
A Monarquia e a Ditadura ainda sobreviveram durante mais tempo. A Democracia tem a morte diagnosticada e jaz, moribunda, à espera que a morte a leve. Só há uma solução para ela: uma nova revolução. Mas para isso, são precisos homens e mulheres de coragem. E o nosso chão já não produz dessa casta…
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