E agora Pedro?
Injustificadas que foram as justificações. Descobertas as mentiras, os embustes, as omissões e os erros. Fracassados os acordos, as amizades e as alianças. Ferida a consciência e o orgulho. Aniquilados os objectivos. Arrasados os argumentos, os pretextos e as desculpas… O que sobrou desta estratégia de comprometimento e demagogia?…
E agora Pedro?
Agora que se foram os anéis e os dedos. Vendidos ao desbarato aos Chineses, Brasileiros, Angolanos e Canadianos. Agora que, sorrateiramente, de adiamento em adiamento, tudo foi atirado para 2015. Aquilo que já tinha sido prometido para 2011, 2012, 2013 e 2014. Talvez porque 2015 é ano de eleições e, por essa razão, é necessário dar sinais que justifiquem os sacrifícios. Sinais claros de retoma, talvez até de pujança, mesmo que ilusórios. Não importa, desde que sirvam para alimentar a esperança e recuperar a confiança perdida.
E agora Pedro?
Agora que todo este castelo, de nuvens e de sonhos, se começou a desmoronar à tua volta. Como se está também a desmoronar o dos nossos vizinhos mais próximos. Quais castelos de cartas, sem equilíbrio nem consistência. Enredados no mesmo silvado de mentiras e promessas enganosas. Destruídos pela mesma ausência de verdade, de critério e de bom senso.
E agora Pedro?
Agora que transformaste a pesada herança económica do passado numa pesada herança política para o futuro. E comprometeste, abusivamente, o destino dos portugueses com os apoios despropositados em nome do Estado. Agora que te puseste de joelhos, numa fidelidade estúpida e sem sentido à tua amiga Merkel, que mais parece subserviência. E, pondo-te de joelhos, expuseste-nos e fragilizaste-nos a todos nós. Dessa forma inconsciente, tacanha, traiçoeira e covarde, que é apanágio dos fracos e pequenos. Sem lucro nem proveito.
E agora Pedro?
Agora que o teu discurso optimista já deixou de corresponder à realidade. A essa dura realidade que os portugueses vêem e sentem todos os dias, quando abrem os jornais ou ligam a rádio e a televisão. Apenas e só porque o teu optimismo tresanda a falso e irresponsável, sempre que é confrontado com dezenas de empresas que fecham as portas diariamente, atirando famílias inteiras para o desemprego e o desespero. Por incúria, autismo e negligência, tuas e do teu Governo.
E agora Pedro?
Agora que a corrupção que disseste querer combater, tinha o nome de correligionários teus e recrudesceu, ganhando intensidade e violência. Agora que transformaste acontecimentos criminais em acontecimentos políticos, utilizando essa arte matreira de promover a impunidade. Agora que, através de manobras de coacção ou diversão, manipulaste a opinião pública, impedindo conclusões evidentes, claras e imediatas. E, ao fazê-lo, protegeste os grandes, os poderosos e todos aqueles que têm capacidade para utilizar a influência política em proveito próprio.
E agora Pedro?
Agora que reacendeste o confronto entre público e privado. Apesar de saberes que, com esse confronto, apenas criavas uma cortina de fumo. E que, essa cortina de fumo, escondia os teus equívocos e disfarçava as tuas contradições. Agora que descobriste que ser político não justifica ser mentiroso, desavergonhado, biltre, hipócrita e, muito menos, cúmplice. Agora que transformaste os culpados em inocentes, os verdugos em vítimas e os demónios em anjos. Será que vais continuar nesta caminhada, a enganar-nos e a enganar-te, ofendendo a inteligência de todos? De mentira em mentira, até quando?…
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