“(…)Tudo é incerto e derradeiro./Tudo é disperso, nada é inteiro./Ó Portugal, hoje és nevoeiro…” Dizem que o homem apareceu, vindo não se sabe de onde. Vestia uma espécie de armadura, hirta e austera, que parecia tolher-lhe os movimentos. Assemelhava-se a um autómato quando se deslocava. E, no entanto, vociferava e esbracejava, colérico. Como se estivesse irritado com todo o ambiente de festa que o rodeava.
Acontece que, por vezes, o fanatismo e o desespero roubam às multidões a lucidez do discernimento. Não lhes permitem avaliar a verdadeira dimensão da hipocrisia e da mentira. E é, precisamente, neste equívoco que assenta a legitimidade dos demagogos e a prepotência dos ditadores.
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