Carlos Fidalgo Gestor do Património Cultural Bom. Posso não perceber nada de directrizes, de áreas “non aedificandi”, de eixos de via, de rotundas, de faixas de rodagem mas existe uma coisa que percebo: a capacidade de distinguir entre algo bem feito ou o oposto. Ainda assim, pergunto-me, porque me hei-de chatear com isto? Talvez nada ou tudo, talvez não devesse escrever estas palavras e deixar isso para quem tem a ver com as questões do ambiente, da tão falada destruição do nosso “pulmão verde” e, consequentemente, estaria a falar nas questões, tão pertinentes, do aquecimento global.
Mas deixo isso para quem sabe. Como disse o outro, “eu não tenho nada para dizer mas…”. Eu também estou assim, não tenho nada para dizer mas….,por motivos diferentes, tenho os meus argumentos. Gostaria que me explicassem, como se eu fosse muito burro, se calhar sou, o que está a acontecer na encosta da Pederneira e, desde lá, até à zona da Orbitur. Aquilo é mesmo uma realidade ou cada vez que passo por lá, vou como que num estado de dormência mental e vejo coisas que não existem. Afinal aquela estrada ou variante, se assim se pode chamar, não deveria minimizar, em primeira instância, a destruição do pinhal e eucaliptal; não deveria passar mais a nascente, minimizando desta forma o impacte visual de um viaduto que irá parecer mais uma rampa de lançamento de algum foguetão do que uma via de acesso automóvel. Não sei, se calhar estou a escrever sem saber. Mas como já não percebo nada disto, considero que estou a ter um devaneio e peço desculpa a quem ler estas palavras. Como dizia o saudoso Saramago “ …a minha morte morre comigo e não consigo, a sua morrerá quando você morrer.” Se calhar a minha “burridade”, na abordagem deste tema, morrerá comigo e é só minha. Se calhar não entendo que para haver progresso tem de haver destruição massiva. Estas dúvidas inclinam-se mais para o lado da minha, já assumida, ignorância, do que propriamente, da minha inteligência/esperteza. Mas como sou teimoso como um burro, penso, coisa que dizem que os burros não fazem, e chego a conclusões que me incomodam. Mas se calhar só me incomodam a mim. Por isso, se calhar o melhor é não escrever mais nada. Se calhar é melhor assistir sentadinho a estas coisas todas. Mas como sou teimoso como um burro, já disse isto antes, acho que não ando a dormir, e para o provar disse a alguém para me beliscar. Afinal estava acordado. Era mesmo verdade. As vozes de burro não chegam ao céu, não quero que as minhas palavras, de burro, cheguem ao céu, mas ao próximo. Um piquenique! É isso, façam um piquenique junto à Ponte da Barca, como antigamente se ia à Fonte da Cabrinha. Bom, já não escrevo mais nada. Acho que vou esquecer, limpar da minha memória estas coisas todas, ir à praia, beber um copo na esplanada e olhar para o pôr-do-sol. Acho que é bem melhor. Afinal o verão está aí à porta e há tanta coisa para fazer. E não é que consegui escrever um artigo sem a palavra património!
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