Trindade e Barroso em desacordo Clara Bernardino O vereador socialista, António Trindade, criticou, na última reunião de Câmara, a medida protagonizada por Jorge Barroso e que defende a venda directa de peixe aos restaurantes. Segundo Trindade, a acontecer, isso iria acarretar “imensos problemas”, pois os direitos sociais adquiridos pelos pescadores, depois de muitos anos de luta, ser-lhes-iam retirados. O vereador adiantou que se as pequenas embarcações começassem a vender o peixe aos restaurantes, os pescadores deixariam de fazer descontos para a Segurança Social e, consequentemente, perderiam o direito à Reforma. Chegou mesmo a questionar o presidente da Câmara sobre o real conhecimento dos pescadores sobre as consequências da implementação desta medida, fazendo questão de demarcar-se de qualquer posição a favor tomada pela Câmara a este respeito, entregando uma declaração a desvincular-se publicamente de qualquer responsabilidade nesta matéria, enquanto não for apresentado um estudo sério sobre as consequências da incrementação desta prática.
Jorge Barroso, presidente da Câmara Municipal da Nazaré, respondeu às acusações de Trindade explicando que os direitos dos pescadores estariam sempre salvaguardados, pois esta venda é possível e legal através de um contrato entre uma “organização de pescadores” (Mútua de Pescadores ou Associação de Armadores e Pescadores) e uma “organização de comerciantes” (ACISN), criando-se uma “bolsa de compra” organizada. O presidente esclareceu ainda que toda a informação referente ao pescado passará pela Docapesca, defendendo que se “garante tudo o que se garante com a Docapesca e a diferença de preço do pescado entre a lota e o consumidor final esbate-se um pouco, para além das vantagens que isso pode trazer ao nível da revalidação de cédulas e, do ponto de vista da promoção da nossa gastronomia, há diminuição entre o tempo de pesca e o consumo final. Assim, estaremos a tornar a nossa gastronomia mais rica.”Depois deste esclarecimento, Trindade acusou Barroso de desvalorizar as suas intervenções e rematou afirmando que as palavras do presidente só tinham vindo reforçar as suas preocupações.
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