Alberto Santos colecciona imagens sobre a evolução da vila de Valado dos Frades há 50 anos Tânia Rocha Alberto Santos nasceu e reside na vila de Valado dos Frades desde sempre. Teve a profissão de alfaiate e diz que é um apaixonado pela sua terra. Como tal, vem coleccionando, há cerca de 50 anos, todos os materiais que transmitem qualquer coisa sobre a terra onde nasceu. Na “Casinha Verde”, como chama às instalações do seu atelier, tem exposto todo o seu espólio, onde se podem ver inúmeras fotografias, livros, recriações de profissões, ofícios, procissões, teatros, peças de loiça, “um bocadinho de tudo”, que diz respeito à história do Valado, como refere.

As fotografias são, sem dúvida, aquilo que se encontra em maior número. Algumas chegam a ter mais de 100 anos. Muitas são imagens que já não existem, que já ninguém pode presenciar. Coisas que foram desaparecendo com a evolução do tempo. Alberto Santos pretende, com a sua exposição e com a partilha do seus materiais, preservar a memória colectiva das gentes. Refere que gosta e agradece que todos partilhem com ele imagens antigas que possuem, mas também partilha com todos os seus pertences. Salienta que, hoje em dia, quem manda “prefere construir novo do que reconstituir uma coisa velha”, por isso, diz que “temos de ser nós a defender a nossa terra”. No entanto, o seu espólio também é composto por imagens mais recentes, nada é excluído, o único critério para fazer parte da sua colecção é ser referente ao Valado. A “Casinha Verde” tem sempre a porta aberta, desde os últimos dez anos, e todos podem visitar esta colecção. Porém, este pequeno atelier está em más condições, mais dia, menos dia, será demolido. Actualmente, Alberto Santos ainda não pensou qual será o destino desta sua colecção, apesar de referir que tem dois familiares, uma filha e um neto, que têm interesse em continuar com a existência deste espólio. Contudo, também confessa que gostava que “isto fosse mais público”. De toda a sua colecção, destaca, embora com alguma dificuldade, porque tudo é importante para si, a imagem antiga do largo da Junta de Freguesia e a imagem do Rio Nasce Água com as mulheres a lavarem a roupa , imagem que servia de bilhete-postal para a promoção da vila, mas que hoje, à semelhança de muitas outras, já não existe, desapareceu com o passar do tempo. Alberto Santos não esconde a saudade quando fala de todas estas imagens que permanecem na memória dos mais velhos. Algumas das fotografias que fazem parte do seu espólio já pertenciam à sua família, outras são oferecidas, algumas são obtidas através de pesquisas e consulta de livros, e muitas são conseguidas pelo próprio. Realça que sempre que vai para algum lado, faz-se acompanhar da sua máquina digital. Alberto Santos, mais conhecido por Alberto Latoeiro, não só colecciona coisas, como também escreve muita coisa sobre o Valado, preocupações, opiniões e factos sobre a Vila de Valado dos Frades. Manter presente o passado é algo que Alberto Santos vem fazendo ao longo de uma vida, que todos podem ver e apreciar na “Casinha Verde”, em Valado dos Frades.