Armando LopesColunistaReferindo-se à Terra, Galileu disse um dia perante o Tribunal do Santo Ofício: “…e contudo ela move-se!”. Mas a persistência deste longo Inverno, desta chuva pesada e constante, tem tendência para desmenti-lo. Pelo menos no que respeita ao movimento de translação.É verdade que os dias se sucedem às noites e estas àqueles. Pelo que, quanto à rotação tudo é normal e lógico. No entanto, o movimento que põe a Terra a girar em torno do Sol é diferente. Porque, sendo ele o responsável pela regular sucessão das estações do ano, estas deviam processar-se numa sequência equilibrada. Sem privilegiar umas relativamente a outras. De modo a que não tivéssemos sempre calor e sol nem sempre frio e chuva.
Por isso é que estranhamos a estada prolongada deste Inverno. Não respeitando equinócios nem solstícios. Arrastando-se, indolente, ao longo dos dias. Maçador, repetitivo, monótono e fatigante. Como se alguém tivesse posto uma pedra na engrenagem do tempo e a tivesse encravado.Cá para mim que, nesta época de crise, quero estar de bem com tudo o que é divino, prefiro atribuir a culpa ao Galileu. Foi ele que, certamente, se enganou quando disse que a Terra se mexia… Ah, Galileu Galilei, sempre me saíste um grande mentiroso!…
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