A Câmara Municipal da Nazaré pretende questionar o Governo sobre os critérios de atribuição de licenças à pesca da meijoeira, praticada na linha de costa, uma zona vedada a outras artes de pesca.A questão, que deverá ser apreciada numa próxima reunião do executivo nazareno, surge na sequência de um encontro promovido com a comunidade piscatória local, no último sábado.Os pescadores da Nazaré estão indignados com o que consideram ser «fiscalização abusiva» por parte da Polícia Marítima, embora reconheçam alguma diminuição da intensidade das acções de fiscalização após uma recente reunião dos representantes do sector e do CAPMAR (Centro de Apoio à Pesca e ao Mar) com o Capitão do Porto da Nazaré. A postura pessoal de «grande abertura e vontade de cooperação» do Comandante José Miguel Neto foi, aliás, muito elogiada no decurso da reunião de sábado. Os homens do mar esperam «compreensão» das autoridades marítimas para as dificuldades que atravessam mas, se tal não acontecer, poderão avançar com medidas de protesto.
Os armadores e pescadores da pesca artesanal questionam também a razão de não poderem pescar a menos de ¼ de milha da costa, sob pretexto da preservação biológica das espécies, quando continuam a ser atribuídas licenças para a meijoeira pela Direcção Geral das Pescas. Nesta arte, as redes são lançadas na zona de rebentação e capturam indiferenciadamente todo o tipo e tamanho de peixe. A licença da meijoeira, praticada na área da capitania da Nazaré a Norte do Forte de S. Miguel, começou por ser atribuída aos detentores da licença da arte xávega, como compensação pela paragem no período de inverno. Os pescadores estranham, contudo, a crescente atribuição de licenças para esta arte que consideram ser mais predadora do que as artes tradicionais proibidas de pescar na área do ¼ de milha.Nesta reunião, em que estiveram presentes cerca de três dezenas de pescadores, foi também apresentado o projecto de certificação do pescado do anzol, que está a ser desenvolvido no âmbito de uma parceria entre as autarquias da Nazaré e de Cascais, com o apoio técnico do IPIMAR.Segundo os esclarecimentos prestados, a adesão ao projecto é voluntária e implicará, para os pescadores que pretendam o selo de garantia, seguir um manual de boas práticas, que está a ser elaborado pelo IPIMAR.Este projecto, que poderá ser mais tarde alargado a outras artes tradicionais, tem por principais objectivos valorizar a qualidade do peixe capturado pela pesca do anzol (arte muito selectiva e com baixo impacto no ecossistema) e aumentar o valor económico da actividade.Outro tema em análise pela comunidade piscatória da Nazaré foi a possibilidade de construção de um armazém para uso colectivo dos pequenos armadores que não têm onde guardar os seus aprestos. O investimento, que será alvo de candidatura ao Programa Operacional Pesca 2007-2013, ficará a cargo das organizações representativas do sector, devendo os pescadores interessados contactar a sua associação para obter mais informações.Durante a discussão, os pescadores contestaram a política de preços praticada na lota da Nazaré e o nível de exigência das regras para o sector, que obrigam a investimentos não compensados com a fraca rentabilidade da actividade.A reunião com os pescadores da Nazaré foi promovida pela Câmara Municipal da Nazaré, pela Associação de Armadores e Pescadores da Nazaré e pelo Sindicato Livre dos Pescadores.
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