Projecto encena adaptação da peça “A Tempestade” de ShakespeareDavid Mariano É já nos próximos dias 22, 23 e 24 de Agosto que a companhia alcobacense S. A. Marionetas aterra em Inglaterra para apresentar a estreia de uma nova produção teatral em Terras de Sua Majestade adaptando uma das obras mais aclamadas do grande dramaturgo inglês William Shakespeare: “A Tempestade”. O espectáculo construído com teatro de sombras elevado a uma escala cinematográfica, marionetas feitas de vidro e instrumentos musicais de vidro expressamente construídos para o efeito sobe ao palco no espaço de Richard Hall em Stourbridge no Reino Unido e representa uma colaboração entre a companhia de teatro marionetas PuppetLink (originária de West Midlands) e a companhia alcobacense.

Mais do que uma hipótese de internacionalização e mais do que uma joint-venture entre duas companhias teatrais de Portugal e Inglaterra (a operar no mais movediço dos terrenos: a obra shakespeareana), este espectáculo resulta de um trabalho de vários meses no qual as companhias desenvolveram novas técnicas de teatro de sombras usando o pano de fundo de uma tela de cinema (as medidas mais exactas correspondem a 7 metros por 5), marionetas de vidro, areia e água, e sombras que surgem definidas pela movimentação de pontos de luz no próprio ecrã.Se está a perguntar-se como é que surge o vidro na história e constituição destas marionetas, adiantamos ainda que estas foram criadas por designers e mestres vidreiros da empresa de cristal Atlantis (Casal da Areia) e do Centro de Formação Profissional para o sector da Cristalaria, Crisform (Marinha Grande) em resposta ao desafio proposto pelos artistas de ambas as companhias. A ideia para o Theatre of Glass é uma ideia que vem desde o ano passado pela S.A. Marionetas e a PuppetLink, tendo sido inspirada pela possibilidade de criar teatro de sombras através da projecção de luz através do vidro (e espera-se que venha mais tarde a ser apresentada também em território nacional).É sabido que se apoia em técnicas experimentais de teatro de sobras e em música original que servem para criar a sua história e dinâmica: a música neste caso provém de instrumentos tradicionais, sons manipulados por programas computadorizados, além de instrumentos criados especificamente para esta produção, tais como taças e carrilhão de cristal, vibrafone de vidro e saltério de duplo cordame.O resultado é uma versão original e inovadora de uma das mais representadas peças de Shakespeare, “A Tempestade”, que procura manter-se fiel às temáticas abordadas no texto original, arriscando no entanto uma viagem pelo espectáculo não verbal – e apesar de se manterem fragmentos de linguagem poética, a história aqui é mesmo contada pelas imagens e pelos sons. A companhia S. A. Marionetas dá a receita: mistura de Shakespeare, teatro visual original, teatro de marionetas e de sombras, manipulação de objectos, música tradicional e contemporânea, destinada a todo o público.