Produção espera organizar um evento por mêsDavid MarianoQuem disse que o tempo não volta para trás? Não será verdade, pelo menos, no caso da mítica e velhinha discoteca Sunset, espaço lendário na “história da noite” alcobacense que nos anos 1980 foi o lugar onde mais perto se esteve da cena disco nova-iorquina e que mais fez por lançar a semente do hedonismo na região. Toda a geração do concelho e arredores nascida antes das Olimpíadas de Moscovo se lembra dela e passou por lá (e se não passou é como se não tivesse vivido), das suas noites ao som dos Bee Gees, Rod Stewart ou John Travolta e Olívia Newton-John. Se há pouco mais de uma década a Sunset perdeu o fulgor que a tornou famosa no passado (abrindo apenas durante os dias de Carnaval ou pontuada por algumas festas fugazes e não menos novas gerências falhadas), a memória permaneceu.
Mas a memória de alguns parece ter-se cansado do exercício da nostalgia (ou cansou-se da noite alcobacense não ter uma discoteca aonde ir, também é uma hipótese) e propõe agora a “ressurreição”: é dia 5 de Setembro que as bolas de espelhos e os velhos lasers vão erguer-se do caixão. O lema da festa, que promete ser o início de muitas outras (a produção espera organizar uma por mês), não podia ser mais apropriado: “Sunset, It’s Alive”. Está perto de sugerir um filme de terror, mas tudo indica que vai ser um musical: em cartaz estão nomes como as duplas No Dj’s (com os radialistas da Antena 3 Nuno Calado e Rui Estêvão) e Two Fingers (formada no mais actualizado Clinic), a banda portuense Slimmy (projecto em modo cabaret-electro-rock que já viu uma música sua num episódio da série C.S.I.) e Mónica Seidl (estes últimos ambos em registo live act), sem esquecer, a título individual, os djs Vagahan e Pelota.Uma certeza: não será por falta de boa e diversificada selecção musical que a convocação dos “velhos tempos” (ao som dos “novos tempos”) se deixará de fazer, e muito menos por falta de “bens essenciais” (leia-se bebida): há quatro bares da região convidados para tratar desse departamento que prontamente aderiram ao evento e terão os seus espaços exclusivos no local (são eles: Maria’s, Keita’s Bar, Alcopázio e O Degrau). À partida, música e “copos”estão garantidos, mas eles não pretendem que a festa fique só por aqui (eles são: Produções Ilha da Fantasia): há espectáculo de dança de abertura, um show de raios laser interiores e exteriores e, admitamos que esta seja a cereja no topo do bolo, um grupo de bailarinas electro-porno (seja lá o que isso represente).Como em qualquer discoteca que se preze, a “luta de classes” tem ainda lugares próprios: quem quiser entrar na Zona Vip terá de adquirir o respectivo bilhete (para isso contam com música ao vivo, champanhe, tapas e um ambiente mais calmo) e o mesmo acontece para a Zona Fat (onde o pecado da gula terá direito a exprimir-se com acesso a várias iguarias). A organização espera uma “noite muito bem passada” e com isso reavivar o antigo glamour perdido da “instituição” Sunset. Resta saber se existe ainda quem, com eles, se recorde do que esta simbolizava nesses tempos e, mais importante, se hoje ainda há tempo para o celebrar.
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